Elizabeth Bishop Escritores

ESCRITORES: Elizabeth Bishop

04:00Isabela Lapa

Elizabeth Bishop, considerada uma das mais importantes poetisas inglesas do século XX, nasceu em Worcester, Massachusetts,  no ano de 1911. Com apenas oito meses de idade perdeu o pai, que faleceu em razão de uma insuficiência renal crônica, e quatro anos após o ocorrido a sua mãe apresentou sinais de insanidade mental. Com isso, foi criada por familiares, primeiro no Canadá, depois nos Estados Unidos. 

Mesmo vivendo na presença de parentes próximos, a escritora sempre se sentiu solitária, no entanto, tal sentimento se abrandou no período em que viveu no Brasil. Durante a sua estadia, que durou de mais de 20 anos, a escritora residiu no Rio de Janeiro, em Petrópolis e, por fim, em Ouro Preto. 
Fotos da casa da escritora, em Ouro Preto.
O nosso país marcou sua vida e foi tema de numerosos poemas, contos e cartas. Além disso, aqui ela encontrou o amor da paisagista Lota de Macedo Soares, que lhe trouxe tranquilidade e estabilidade por um longo período. 

Acontece que entre as décadas de 1950 e 1960, o relacionamento entre as duas se tornou conturbado em razão do envolvimento de Lota com a política e, principalmente, com Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro naquele período. A agitação da vida política de Lota, e o golpe militar de 1964 incomodavam Elizabeth de forma expressiva, o que lhe causou um enorme sentimento de abandono e fez com que ela se afogasse no álcool. 

Neste período, em busca de se consolidar em algum emprego, a poetisa resolveu retornar aos Estados Unidos e Lota a acompanhou. Ocorre que a arquiteta, em razão de uma profunda depressão, suicidou no ano de 1970. 

Diante do forte baque Elizabeth tentou restabelecer a vida no Brasil, mas não conseguiu. Com isso, optou por vender a casa de Ouro Preto e retornar aos Estados Unidos, onde viveu até 1979, ano do seu falecimento, que ocorreu em Boston. 

OBRAS:

- Poesias: 

  • North & South (Houghton Mifflin, 1946)
  • A Cold Spring|Poems: North & South — A Cold Spring, (Houghton Mifflin, 1955)
  • Questions of Travel, Farrar, Straus, and Giroux, com numerosos poemas feitos no Brasil, em 1965.
  • The Complete Poems, (Farrar, Straus, and Giroux, 1969)
  • Geography III, (Farrar, Straus, and Giroux, 1976)
  • The Complete Poems: 1927-1979, (Farrar, Straus, and Giroux, 1983)
  • Edgar Allan Poe & The Juke-Box : Uncollected Poems, Drafts, and Fragments, editado e anotado por Alice Quinn, (Farrar, Straus, and Giroux, 2006)



- Outros trabalhos:

  • The Diary of "Helena Morley," por Alice Brant, traduzido do Português, com introdução de Elizabeth Bishop, (Farrar, Straus, and Cudahy, 1957)
  • "Three Stories by Clarice Lispector," Kenyon Review 26 (verão de 1964): 500-511.
  • The Ballad of the Burglar of Babylon, (Farrar, Straus, and Giroux, 1968)
  • An Anthology of Twentieth Century Brazilian Poetry, editada por Elizabeth Bishop e Emanuel Brasil (Wesleyan University Press, 1972)
  • The Collected Prose, (Farrar, Straus, and Giroux, 1984)
  • One Art: Letters, selecionadas e editadas por Robert Giroux, (Farrar, Straus, and Giroux, 1994)
  • Exchanging Hats: Paintings, edição e introdução por William Benton, (Farrar, Straus, and Giroux, 1996)


PRINCIPAIS TRABALHOS:

De acordo com uma relação retirada do site da Revista Veja, os cinco principais trabalhos da escritora foram: "Noth & South", "A Cold Spring", "Questions Of Travel", "The Complete Poems", "Geography III". 
LIVROS NO BRASIL:

Infelizmente no Brasil nenhum livro da escritora foi publicado na íntegra. A Companhia das Letras publicou duas coletâneas que reúnem alguns dos poemas da escritora, são eles: "Poemas do Brasil", de 1999 (atualmente esgotado) e "Poemas Escolhidos", de 2012. Atualmente a Editora está preparando um livro com textos inéditos da escritora, cuja previsão de lançamento é 2014. 
UM POEMA:

Uma Arte

A arte de perder não é nenhum mistério


tantas coisas contém em si o acidente

de perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,

a chave perdida, a hora gasta bestamente.

A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:

lugares, nomes, a escala subseqüente

da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero

lembrar a perda de três casas excelentes.

A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. Um império

que era meu, dois rios, e mais um continente.

Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)

não muda nada. Pois é evidente

que a arte de perder não chega a ser um mistério

por muito que pareça (escreve) muito sério.

(Tradução de Paulo Henriques Britto)




Fontes:

You Might Also Like

0 comentários

Acompanhe nosso Twitter

Formulário de contato