Globo Livros Khaled Hosseini

O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini

10:15Isabela Lapa

Neste livro conhecemos dois garotos que viviam no Afeganistão, em 1970. Amir era rico, culto, inseguro, covarde, se sentia rejeitado pelo pai e culpado pela morte da sua mãe, que se deu no momento do parto. Hassan, por sua vez, era pobre e analfabeto, mas possuía um coração enorme, uma lealdade ímpar e uma coragem invejável. 

Mesmo com todas as diferenças, eles compartilhavam o gosto por histórias, por filmes e, principalmente, pela pipa. No entanto, o vínculo entre eles, apesar de forte e sincero, causava inúmeros complexos em Amir, que ficava humilhado diante da esperteza e das habilidades do amigo, que sempre o protegia e defendia, enquanto ele sentia medo e não sabia como reagir diante de situações complicadas e de perigo. 

Certo dia aconteceu na cidade um campeonato de pipa. O vencedor seria aquele que, após derrubar a última pipa no ar, conseguisse encontrá-la e trazê-la de volta. Os garotos resolveram participar do campeonato e Amir foi o vencedor, o que lhe trouxe muita alegria, pois pela primeira vez sabia que seria motivo de orgulho para o pai. 

No entanto, após a sua vitória, ocorreu um fato que mudou todo o rumo da sua vida: Amir viu Hassan sendo agredido por três garotos que sempre o perseguiam e, em razão da sua covardia e fraqueza, se escondeu e não fez nada para ajudá-lo.

Depois desse dia, ele se sentiu tão culpado e envergonhado diante da sua atitude, que não conseguiu conviver com Hassan. Exigiu que o garoto se afastasse e saísse da vida. 

Porém, mesmo diminuindo o contato, ele era inevitável. O pai de Hassan era empregado do pai de Amir, com isso, eles moravam na mesma casa. 

Com a intenção de se livrar da dor e nunca mais encarar Hassan, Amir praticou um ato injusto e cruel contra o amigo. Este ato fez com o garoto fosse embora com o pai e eles nunca mais se encontrassem. 

Alguns anos após a mudança de Hassan, o Talibá invadiu o Afeganistão e Amir teve que partir do país com o seu pai. Viveram momentos difíceis, passaram por dificuldades financeiras e superaram inúmeros problemas. 

Quando começaram a se estabilizar nos Estados Unidos, o pai de Amir faleceu e ele, já casado, passou a morar com a esposa e começou a escrever livros. 

O que ele não imaginava era receber, em um dia normal, uma ligação de um antigo amigo de seu pai, pedindo que ele retornasse ao Afeganistão. Na ligação, o homem disse que "havia uma forma de ser bom novamente". Intrigado pela frase e comovido com o contato de um homem que sempre admirou,  Amir resolveu partir, mesmo diante de todos os riscos.

O que ele não esperava era descobrir tantas coisas sobre o seu passado e encontrar um Afeganistão destruído pela violência, pela fome e pela miséria. Além disso, todos com que havia convivido já estavam mortos, inclusive Hassan. E é aí que a história ganha um novo rumo e é conduzida para um final emocionante e surpreendente. 

Trata-se de ha obra intensa, comovente, que mistura muitos sentimentos e que trata do ser humano com toda a sua complexidade e intensidade. 

O livro é muito bem escrito, tem personagens marcantes, descrições detalhadas e bem estruturadas, além de conter informações interessantes e curiosas sobre o Afeganistão e a cultura do seu povo. 

Sem dúvida é uma leitura inesquecível e que nos permite refletir sobre a amizade, a sinceridade, a forma como solucionamos nossas questões e, principalmente, sobre a lealdade. 

Passagens interessantes:


"(...) descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque,de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar."

"- Quando você mata um homem, está roubando uma vida - disse baba. Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça. Entende?"

"(...) Não sabia com que objetivo o outro garoto estava competindo, talvez só para exibir os seus dotes. Mas, para mim, aquela era a única chance de me tornar alguém que era olhado, e não apenas visto; que era escutado, e não apenas ouvido. Se existisse mesmo um Deus, Ele ia guiar o vento, deixar que soprasse para mim, e assim, com um puxão na corda, eu ia me livrar da minha dor, dos meus anseios". 

"(...) Parte de mim tinha esperança de que alguém tivesse acordado e ouvido o que eu disse, porque, assim, não precisaria mais viver com aquela mentira. Mas ninguém acordou e, no silêncio que se seguiu à minha frase, compreendi a natureza exata da minha nova maldição: teria que passar o resto da vida convivendo com a impunidade". 

"(...) E, com isso, pude compreender outra coisa também: Hassan Sabia. Sabia que eu tinha visto tudo o que aconteceu naquele beco; sabia que eu estava parado lá e não tinha feito nada. Sabia que tinha sido traído e estava me salvando mais uma vez; a última, quem sabe. Naquele momento, eu o amei; mais do que jamais amei qualquer outra pessoa, e quis dizer a todos que eu é que era a serpente oculta na grama, o mentiroso, o monstro no fundo do lago. (...)"

Curiosidades:

A Edição da Globo Livros conta com um prefácio especial do escritor, onde ele comenta a sua experiência de vida e a semelhança entre a história criado no livro e a realidade de Cabul. Além disso, a capa está simplesmente linda e diferenciada! 

Edição em quadrinhos:



Este livro ganhou uma versão em quadrinhos, que foi publicada pela mesma editora que publicou a versão original em português, a Editora Nova Fronteira. 

A edição é linda e as imagens são perfeitas. As cores fortes e vivas conseguem exprimir com muita intensidade as situações e emoções vivenciadas pelos personagens. Além disso, apesar de adaptada, história se mantém fiel e igualmente intensa e atrativa.

Quem já leu o livro e é fã da história, não pode deixar de conhecer a versão. Tenho certeza que ficarão apaixonados! Além disso, a obra é uma ótima opção de presente (ganhei o meu de aniversário e amei).




E aí leitores, já conhecem o livro? O que acham da história? Comentem e participem conosco!


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