Como eu era antes de você Crítica

Como eu era antes de você, de Jojo Moyes

11:56Angélica Pina

Will Traynor é um jovem bonito e rico, com um ótimo emprego e uma linda namorada. Um dia, ao sair para o trabalho, é atropelado por uma moto e vê sua vida mudar completamente, pois o acidente o deixa tetraplégico.

Louisa Clark é uma jovem que tem um namorado triatleta que se dedica muito mais aos esportes do que a ela. A garota trabalha como garçonete num café para ajudar nas finanças da família humilde, composta pelos pais, o avô que sofreu um derrame, a irmã e o sobrinho. Até que o estabelecimento fecha e Lou se vê desempregada. Ela não pode ficar sem trabalhar, pois seu salário é importante em casa e ela não possui muitas experiências ou qualificações, porém acaba conseguindo um emprego de cuidadora de um jovem com necessidades especiais (sim, o mesmo Will do começo da história!).

“Ser atirada para dentro de uma vida totalmente diferente – ou, pelo menos, jogada com tanta força na vida de outra pessoa a ponto de parecer bater com a cara na janela dela – obriga a repensar sua ideia a respeito de quem você é. Ou sobre como os outros o vêem.” (Louisa Clark)

No início, a relação dos dois é bastante complicada. Will se tornou um homem amargurado, fechado e mal-humorado. Lou tenta fazer seu trabalho, mas ele insiste em ser rude com ela, sempre com uma resposta ácida e ofensiva a cada pergunta feita.

“O pior de se trabalhar como cuidadora não é o que as pessoas pensam. Não é carregar e limpar a pessoa, os remédios e os lenços de limpeza e o distante, mas de algum modo sempre perceptível, cheiro de desinfetante. Não é nem o fato de quase todo mundo achar que você faz isso porque não tem inteligência suficiente para fazer outra coisa. O pior é o fato que, quando se passa um dia inteiro num estado de real proximidade com outra pessoa, não há como escapar do estado de humor dela. E nem do seu próprio.” (Louisa Clark)

Com o tempo, Lou consegue conquistar a confiança de Will e passa a propor programas para tirá-lo de casa e mostrar a ele que ainda é possível se divertir. Porém, em muitos deles eles se frustram por não encontrarem uma estrutura adequada para cadeirantes ou Will se irrita com os olhares que recebe das pessoas.

Mas Lou não desiste e, com a ajuda de Nathan, o enfermeiro que cuida há muito de Will, ela consegue proporcionar a ele momentos divertidos e felizes. Enquanto isso, Will tenta de todas as formas mostrar pra Lou que ela precisa ampliar seus horizontes, deixar de se contentar com a vida simples e calma que sempre teve e explorar novas oportunidades. Esse relacionamento entre eles gera grandes mudanças na vida de ambos. Mesmo assim nem tudo fica como de fato ambos desejam.

A narrativa do livro é encantadora! Apesar de tratar assuntos delicados e polêmicos, Jojo Moyes consegue mesclar cenas dramáticas e emocionantes com passagens divertidas e engraçadas. Ela foge dos clichês e não tem medo de mostrar personagens cheios de defeitos, explorando diferentes tipos de problemas familiares e emocionais, tão reais, mas nem sempre mostrados na ficção. A história cativa o leitor e faz com que ele se apegue aos personagens, o que pode levar a um certo sofrimento com o desenrolar da trama. Aliás, esse livro tem a capacidade de marcar a vida de quem o lê e deixar vários questionamentos e reflexões. É o tipo de história que não termina ao lermos a última página; leva-se um tempo para digerir tudo e se recuperar das emoções provocadas por ela.

“Precisava dar ao meu filho um lugar para onde olhar. Precisava dizer a ele, silenciosamente, que as coisas poderiam mudar, crescer ou fenecer, mas que a vida continuaria. Que todos nós éramos parte de um grande ciclo, algum tipo de arranjo cuja finalidade só Deus poderia entender.” (Camilla Traynor, mãe de Will)


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