Livros O Cemitério da Praga

O CEMITÉRIO DA PRAGA, DE UMBERTO ECO

11:57Universo dos Leitores

                         
Umberto Eco é um erudito e parte de seus livros, tal como ocorre com seu romance de maior sucesso – O Nome da Rosa -, nos remete há tempos antigos, sem a tecnologia de celulares, sensores de presença, GPS, armas automáticas ou internet. Dentro desse contexto, O Cemitério de Praga conduz o leitor a um passeio pelo período oitocentista, onde o protagonista principal, o único que realmente não existiu, de nome Simone Simonini, interage com figuras do calibre de Dumas e Freud

No cenário parisiense, em março de 1897, desenrola-se uma trama que também percorre os territórios de Turim e Palermo. Nestas paisagens circulam uma adepta do satanismo emocionalmente perturbada, um prior que já faleceu duas vezes, alguns corpos jogados no esgoto de Paris, Ippolito Nievo, um seguidor de Garibaldi, levado pelas águas do oceano perto do Stromboli, o falso documento que incriminaria o oficial francês Alfred Dreyfus como espião da embaixada alemã na Cidade Luz, a divulgação dos inverídicos Protocolos dos Sábios de Sião, fonte de inspiração de Hitler na criação dos campos de concentração. 

Nesta época eram comuns as terríveis assembleias de bandidos, os quais consumiam absinto enquanto planejavam motins públicos. Desfilam igualmente pelo livro homens com barbas postiças, tabeliães de mentira, falsos testamentos, fraternidades malignas e missas negras. 

Ainda que o início do livro possa parecer até certo ponto entediante, é necessário para a compreensão da história e a fantástica construção do personagem de Simone Simonini. No entanto o personagem principal pode confundir o leitor, pois pratica atos reais, mas que foram, de fato, exercitados por outras pessoas. Desta forma, o autor revela que não se deve confiar nas aparências, pois nada é o que aparenta ser. 

É no começo da obra que o autor lança impressões sobre os jesuítas, os maçons e os judeus, categorias essas que terão papel fundamental no decorrer da trama e no desenrolar dos acontecimentos. 

Simone Simonini é quem mais desperta a atenção e sua trajetória é contada na forma de um diário, através de notas lançadas por ele e pelo misterioso abade Dalla Piccolla, cuja existência é colocada em dúvida pelo “narrador”, que em diversos capítulos nos relata acontecimentos que se passaram e que foram relatados por Simone Simonini e Dalla Piccola (duas pessoas ou uma só?) no mesmo diário. 

Como se pode perceber, a trama criada por Umberto Eco nos envolve de tal maneira que fica difícil largar o livro sem saciar a curiosidade do que está por vir. 

Apenas para que o leitor dessa resenha tenha vontade de se aventurar pelas páginas do romance, posso adiantar que durante a trama Simone Simonini, mestre em falsificação de documentos e perito em reproduzir a grafia de terceiros, envolve-se em diversos complôs envolvendo judeus e maçons, conversões religiosas, conspirações, rituais satanistas, mortes, explosões, entre outros eventos, tudo movido por dinheiro e a base de informações falsas e inventadas por solicitação daqueles que buscam o controle de tudo e todos. 
Um livro prazeroso e muito inteligente. Recomendo a leitura!
Umberto Eco







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