Alice no País das Maravilhas Clássicos Zahar

Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

05:00Kellen Pavão



MEU PRIMEIRO CONTATO COM ALICE

O livro desta semana é um dos meus favoritos e é muito especial para mim. Dizem que quando a história é muito boa precisamos de um certo tempo para compreendê-la  e acho que foi o que aconteceu comigo. Meu primeiro contato com Alice na infância foi um pouco confuso e diferente de todas as histórias de contos de fadas que eu estava acostumada. A forma sincera e as vezes rude com que os personagens se dirigiam a Alice, a falta de respostas para seus questionamentos, as reflexões ásperas de alguns seres encantados e até mesmo a simbologia onírica por trás da história fizeram com que eu enxergasse o livro com um olhar diferente dos outros que já li. Já mais velha resolvi reler este grande clássico e não me arrependi: fiquei completamente maravilhada com o mundo de Alice! E as razões para todo este encantamento descreverei a seguir.
SINOPSE E ANÁLISE DO LIVRO 

"Ao seguir um coelho apressado, Alice cai num buraco que, mais tarde, ela descobrirá ser uma passagem para o País das Maravilhas. Tudo fica esquisito desde então: Alice conhece um gato muito diferente, uma lagarta sábia, um chapeleiro maluco, entre outros personagens que a introduzem em uma realidade complexa e enigmática. De Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas é um livro repleto de fantasias oníricas e lúdicas, que provocam o leitor e ocultam questionamentos de todo tipo: lógicos, semânticos, políticos, psicológicos. Não é apenas uma leitura para crianças, mas uma viagem ao mundo do subconsciente que pode ser travada também por adultos que não temam adentrar as veredas nebulosas da mente."
Creio que quase todo mundo já ouviu falar da história de Alice, uma garotinha curiosa que seguiu um coelho branco através de uma toca que a levou a um mundo fantástico, o País das Maravilhas. Ao chegar neste novo mundo Alice passa por experiências completamente destoantes de sua realidade: a garotinha aumenta e diminui de tamanho após comer bolinhos ou tomar uma bebida mágica, fala com animais que, ou estão apressados, ou a tratam com hostilidade, encontra um gato sorridente, come cogumelos, conversa com uma lagarta que lhe dá conselhos, toma chá com um chapeleiro louco e se depara com uma rainha louca e autoritária que manda cortar-lhe a cabeça, em uma clara sátira ao autoritarismo monárquico.

Como era de se esperar, Alice retorna ao seu "mundo real", deixando para trás seus devaneios.
Mas você pode estar se perguntando: "o que Alice no País das Maravilhas tem de tão especial para tornar-se uma referência em todo o mundo?" Talvez boa parte deste sucesso se justifique pelo fato de que a obra consegue atingir a públicos de todas as idades, com formas e intensidades diferentes. 

As crianças se identificam com o universo lúdico criado a partir da humanização de animais e objetos falantes, do mundo fantástico, da cronologia indefinida e a possibilidade da protagonista fazer coisas tidas como inimagináveis, como aumentar e diminuir de tamanho todo tempo. Alice segue por um mundo inusitado, em um ritmo frenético ditado pelas suas descobertas e alimentado pela sua curiosidade. Estes mesmos seres encantados que abordam ou são abordados por Alice servem como uma metáfora da vida real: conflitos existenciais, amadurecimento, insatisfação frente às mudanças e o medo do desconhecido. O livro ainda faz uma discreta crítica ao formalismo inglês e a sociedade vitoriana.

A simbologia onírica de Lewis Caroll pode soar a princípio  um grande delírio, mas por trás da fabulosa história de Alice existem questões psicológicas, filosóficas e até políticas que tornaram a obra interessante aos olhos de crianças e adultos.


CURIOSIDADES SOBRE A OBRA
  • Um dos livros mais editados da história da literatura moderna, Alice no País das Maravilhas influenciou inúmero autores como Jorge Luis Borges, Cortazar, Maria Clara Machado e Guimarães Rosa.
  • Lewis Caroll foi o pioneiro a utilizar o nonsense (ausência de sentido) como recurso, além de utilizar recursos como a matemática e a lógica na construção da história de Alice. 
  • A narrativa é coerente e  desenvolve-se de modo que o livro seja extremamente visual, possibilitando ao leitor imaginar claramente a história da curiosa garotinha. 

A EDIÇÃO 

A editora ZAHAR possui uma versão primorosa da obra com capa dura, páginas amareladas que minimizam os reflexos, além da leveza e praticidade da edição de bolso. Além disso, o livro conta com ilustrações incríveis de John Tenniel, tornando o livro tão lúdico quanto a história!

Essas foram as minhas impressões sobre esta obra atemporal, tão doce e tão fantástica! Espero que gostem da resenha! E para quem ainda não leu, fica a dica de leitura!
                                                       



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