Crítica História em Quadrinhos

The Walking Dead

20:22Universo dos Leitores



Rick Grimes acorda deitado na cama de um hospital abandonado tempos depois de ter sido baleado em uma troca de tiros. Confuso pela realidade que vê, o antes policial e agora sobrevivente, é arremessado em um mundo caótico onde procurará sua família em uma cidade repleta de mortos vivos. É nesse cenário que se inicia The Walking Dead, a obra de Robert Kirkman inspirada em “A Noite dos mortos vivos” de Romero.

Já em seus primeiros traços a HQ mostra que nada será fácil no universo apocalíptico criado pelo autor. Tanto Rick Grimes como o leitor logo percebem que a realidade aterrorizante ali descrita é muito mais complexa que apenas um cenário infestado por zumbis.

Kirkman conseguiu fazer uma crítica certeira à sociedade contemporânea. Os valores distorcidos, as concepções de certo e errado e a falsa sensação de felicidade são colocados à prova pela história que, em vários momentos, ganha o mesmo tom que Saramago deu ao Ensaio Sobre a Cegueira. O autor foi feliz não só pela forma intensa que mostra o cenário hermético, como também ao descrever o terror psicológico vivido pelos personagens ao terem atingindo o limite da condição humana. O principal problema do protagonista e seu grupo não é o fato de estarem o tempo todo cercados por zumbis, mas sim as consequências da essência dúbia do caráter e ética do homem quando colocados em xeque, mostrando que somos nós os verdadeiros monstros.


Em cada página o leitor se depara com o caos em tempo integral. É do sofrimento daqueles que lutam para permanecer vivos que brotam mais problemas. No mundo assolado pelo desespero não existem mais leis ou política. A ética, o bom senso e o sentimento de empatia são desprezados pelo indivíduo quando a sobrevivência sua e de quem ama é incerta. Num mundo em que qualquer um é corrompido por algo que aumente sua chance de sobreviver, o protagonista vê sua natureza atacada constantemente pela realidade inóspita, ao passo que lidera o grupo de sobreviventes que inclui sua família.

Não há descanso no roteiro. Não há personagens clichês. Todos travam suas batalhas psicológicas. Assim como em a Guerra dos Tronos de R.R Matin, em The Walking Dead não há personagem importante que esteja livre de morrer. É uma leitura fascinante capaz de fazer o leitor repensar seu papel como indivíduo dentro da sociedade enquanto se encanta pelo horror vivido por Rick Grimes.
                

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