Crítica Editora Rocco

Onde a Lua não está, de Nathan Filer

00:00Universo dos Leitores


Logo no início do livro, Matthew, nosso narrador, revelou que tinha um irmão mais novo chamado Simon que era portador de Síndrome de Down e que em breve estaria morto. Após causar um impacto no leitor com uma descrição prévia dos acontecimentos, ele começou a explicar como foi a sua vida após o falecimento do irmão e como foi conviver com a culpa pelo ocorrido.

"Na vida, existem os marcos. Eventos que tornam certos dias 
especiais em relação a outros dias." 

Com uma relação difícil com a mãe e privado de ir à escola, ele passou a infância em casa e, durante a adolescência, sofreu com o uso de remédios controlados, foi internado em clínicas psiquiátricas e enfrentou um desespero interminável por conta do sentimento que nunca deixou de lhe assombrar: a culpa. O sentimento se tornou ainda mais grave pelo fato dele sofrer do transtorno mental conhecido como esquizofrenia, que lhe causava delírios e o prendia às suas memórias e aos seus piores anseios.

"Eu consegui. Eu realmente consegui.
Você não sabe como são os sonhos."

Descrevendo os fatos sem ordem cronológica, ele passeou entre o seu passado e o seu futuro, utilizando da escrita como forma de se auto-descobrir, de entender a sua vida e de se perdoar. Com uma personalidade forte e bem desenvolvida, o personagem descreveu em detalhes a sua personalidade e a intensidade da sua loucura, o que fez com extrema sinceridade e muito realismo, contando com o apoio de metáforas muito bem colocadas.

"Ler é meio parecido com alucinar". 

Merece destaque o fato de que Matthew, ao narrar o drama da sua vida, se utilizou de um tom bem humorado e não se colocou como vítima de uma situação ou de uma doença, com isso, se tornou um personagem extremamente cativante e, ao mesmo tempo, marcante. 

Com uma linguagem clara e por vezes poética, a leitura possui um ritmo agradável e consegue prender a atenção desde o início. 

"Somos egoístas, minha doença e eu. Só pensamos em nós mesmos. Só pensamos em nós mesmos. Moldamos o mundo a nossa volta em mensagens, em sussurros secretos falados só para nós". 
Por fim, a Edição da Editora Rocco também não passou despercebida. A capa é linda e foram utilizadas duas fontes, uma comum, para os momentos em que Matthew estava internado e outra com estilo de letra usada em máquinas de escrever, para os momentos em que ele estava em casa. Um detalhe sutil, mas que fez toda a diferença e aumentou o charme da história.





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