A segunda vez que te amei Crítica

A segunda vez que te amei, de Leila Rego

00:00Angélica Pina

André e Juli são casados há seis anos e o casamento já não é mais como no início. Eles possuem um restaurante famoso de comida italiana, mas não trabalham no mesmo horário. O pouco tempo que tem juntos em casa, não tem sido muito prazeroso, pois Juli está sempre desanimada e mal-humorada. André lamenta as mudanças na esposa, que costumava ser uma mulher alegre e divertida, e esforça-se para preparar surpresas e agradá-la ao máximo, mas muitas de suas tentativas acabam frustradas. Enquanto André passa boa parte do seu tempo tentando descobrir o que há de errado com a esposa e com seu casamento, ela insiste em dizer que está tudo bem.

Raquel e Alberto vivem muito bem como casal, tem uma casa confortável, ótimos empregos, um lindo filho e tudo parece estar maravilhoso e tranquilo em suas vidas. Até que um dia, onde várias coisas dão errado, um fato inusitado revela algo que vem para dar uma reviravolta nesse relacionamento. Apesar de Raquel acreditar que eles tem tudo que precisam para serem uma família feliz, Alberto tem seus conflitos e dilemas pessoais que impedem que tudo continue “perfeito” como sempre pareceu. 
E é em meio a crises nos dois casamentos que as vidas desses dois casais se cruzam. A partir daí, situações e diálogos trazem à tona reflexões importantes sobre relacionamentos, como o fato de nem tudo ser “um mar de rosas” nos casamentos, mesmo que aparentemente tudo esteja bem e que para um relacionamento dar certo é preciso respeito, sinceridade e esforço de ambas as partes.

“- Eu chamo isso de destino. Não era para ser. Como dizem os muçulmanos: maktub.
- Não acredito em destino. – disse ele, dando de ombros. – Acredito em escolhas. E as consequências das nossas escolhas é o que traça o nosso destino ou futuro.
Ela concordou com a cabeça e bebeu do seu refrigerante. Investir nessa conversa seria como navegar em águas turbulentas e Raquel já tinha problemas suficientes com que se preocupar. Achava que não era o momento certo de ficar revivendo o passado. Sua maior preocupação era com o seu presente e com o seu futuro.”


Embora o livro de Leila Rego seja um chick-lit e possua muitas características do gênero, a autora aborda temas bastante complexos. Sua escrita é irreverente e despojada, de forma que a leitura é fácil e prazerosa, mas os assuntos delicados são tratados com a seriedade necessária. A narração é em terceira pessoa e cada capítulo foca em um personagem, o que possibilita que o leitor entenda o que se passa com cada um.

“Depois que ele saiu de casa, ela se acabou de tanto chorar. Abriu até uma garrafa de vinho para completar o cenário dark em que se encontrava. Mas, depois de ficar desidratada e bêbada, fez uma promessa para si mesma: a de tocar a sua vida sem ficar remoendo o passado. Por mais difícil que fosse esse recomeço, era assim que ela queria seguir.”
Repito o que já disse em outras resenhas de livros nacionais: é uma honra poder ler livros tão bons de autores brasileiros! Super recomendo A segunda vez que te amei e certamente lerei os outros títulos da autora.

“- Li em algum lugar que todo fim é um novo começo. Quem sabe quais começos te esperam depois do nascer do sol?
- Poético demais para o meu gosto. – ela riu e brincou com sua taça. – Prefiro aquela frase “se a vida te der um limão, faça dele uma limonada”.
- Não, o certo é “se a vida te der um limão, faça dele uma caipirinha!”.
- Caipirinha? Esperava de você uma deliciosa torta de limão ou algo mais doce. Estou fugindo de tudo que é azedo. – disse sorrindo.”


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