Companhia das Letras Crítica

Mentirosos, de E. Lockhart

00:00Universo dos Leitores

Imagine uma família onde todas as pessoas são ricas, lindas, felizes, unidas e realizadas. Pois é, essa é a família Sinclair ou, talvez, a imagem que todos têm dessa família tradicional que possui até mesmo uma ilha particular. Acontece que na maioria das vezes, por trás de toda ideia de “perfeição” existe um segredo bem guardado, terrível e capaz de mudar o destino de uma pessoa. 

No caso do livro, Cadence, nossa protagonista e narradora, sabe que a família possiu um segredo e que sempre viveu de aparências. Contudo, em razão de um acidente que sofreu quando tia 15 anos de idade, ela não consegue se lembrar de todos os fatos da sua vida, não compreende a dedicação da mãe, o sofrimento das tias, o sumiço dos primos Johnny e Mirren, com quem ela costumava se divertir e, menos ainda, o sumiço do Gat, seu amigo e também amor-platônico. 
Enquanto luta contra as dores de cabeça, os remédios intermináveis, a solidão e a amnésia, ela se esforça para ter momentos de lucidez e conseguir se lembrar do acidente e de como ele aconteceu.

Quando completa 17 anos, ela consegue, finalmente, uma oportunidade de voltar à ilha. Desse momento em diante, o livro mistura o presente e o passado, na medida em que apresenta as lembranças de Candence, que nos conduzem para um final emocionante, reflexivo e completamente inesperado.

A vida parece bela nesse dia.
Nós quatro, os Mentirosos, sempre fomos.
Sempre seremos.
Independentemente do que acontecer quando formos para a faculdade, ficarmos mais velhos, construirmos nossas vidas; independentemente de eu e Gat estarmos ou não juntos. Independentemente de onde estivermos, sempre poderemos nos reunir no telhado de Cuddledown e olhar para o mar.
Essa ilha é nossa. Aqui, de certo modo, somos jovens para sempre.
A história contada por E. Lockhart é ágil e fácil de ler. A linguagem é poética e repleta de metáforas, o que conquista a atenção do leitor. Os personagens foram bem desenvolvidos, a trama não possui pontas soltas e quando o final acontece é impossível não pensar: “como eu não percebi todas as dicas que apareceram ao longo da história?”. Mas adianto: nem tente perceber, você não vai conseguir.

Esse é um livro sobre a busca. Uma busca dolorosa e cansativa em prol do auto-conhecimento, da libertação e da oportunidade de seguir em frente. Sem dúvida não deve ser fácil ter o domínio da própria vida e acordar, de um dia para o outro, sem se lembrar de quase nada ou lembrando de coisas aleatórias que não fazem muito sentido.
Acredito que esse livro pode gerar diversas análises. O final surpreendente, ao mesmo tempo em que conclui com maestria a história, deixa a porta aberta para várias possibilidades e a resposta de tudo é absolutamente pessoal. Portanto, leiam e passem aqui para comentar o que acharam.


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