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O Ateneu, de Raul Pompeia

20:15Universo dos Leitores


O Ateneu, escrito por Raul Pompeia e publicado no ano de 1888, inaugurou a fase do Realismo no Brasil, ao apresentar uma narrativa crítica e forte sobre a sociedade brasileira do século XIX. 


O Sérgio, nosso narrador, conta as suas lembranças sobre o período em que estudou no colégio interno chamado O Ateneu e reconhecido como um dos colégios mais importantes e tradicionais do período. As suas lembranças são muito intensas e repletas de detalhes, o que deixa claro o quanto a fase foi marcante na vida dele. 

No período em ficou no local ele precisou aprender a se defender, a resolver sozinho os seus problemas, a enfrentar as questões relacionadas à sexualidade e a descobrir os seus gostos, seus dons e suas verdadeiras opiniões sobre diversos assuntos. O grande problema é que nada disso foi vivido com o amor e a paciência que os jovens tanto precisam em fases de transição e de construção da personalidade. Pelo contrário... Tudo que Sérgio sentiu foi solidão, abandono e angústia, já que o diretor do colégio, Sr. Aristarco, falava com os alunos com um tom ríspido e irônico, oprimindo-os e humilhando-os publicamente.

"(...)Não me enganavam mais os pequeninos patifes. Eram infantis, alegres, francos, bons, imaculados, saudade inefável dos primeiros anos, tempos da escola que não voltam mais!... E mentiam todos!... Cada rosto amável daquela infância era a máscara de uma falsidade, o prospecto de uma traição. Vestia-se ali de pureza a malícia corruptora, a ambição grosseira, a intriga, a bajulação, a covardia, a inveja, a sensualidade brejeira das caricaturas eróticas, a desconfiança selvagem da incapacidade, a emulação deprimida do despeito, a impotência, o colégio, barbaria de humanidade incipiente, sob o fetichismo do Mestre, confederação de instintos em evidência, paixões, fraquezas, vergonhas, que a sociedade exagera e complica em proporção de escala, respeitando o tipo embrionário, caracterizando a hora presente, tão desagradável para nós, que só vemos azul o passado, porque é ilusão e distância."
Por ter sido escrito em 1808, o livro apresenta uma linguagem antiga e muito rebuscada. Com diversas descrições e detalhes sobre os ambientes, as roupas e as características dos personagens, o ritmo da história é lento e ao mesmo tempo tenso. Com isso, é preciso ler com atenção e dedicação para conseguir perceber a profundidade da narrativa, que se revela comovente e crítica ao mesmo tempo. 

Certamente esse livro causou muito impacto no período em que foi publicado, já que denunciou as práticas abusivas dos internatos e a postura hipócrita da sociedade: divisão entre pessoas com maior ou menor poder aquisitivo, preconceito, abusos morais e religiosos etc.
Em razão da importância da obra para a literatura nacional, ela foi publicada pela Editora Zahar em uma edição especial, que conta com ilustrações originais, apresentação, notas de rodapé e informações sobre a cronologia da vida do escritor. Uma edição simplesmente impecável, que integra a Coleção Clássicos Zahar.


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