Crítica Editora Intrínseca

O árabe do futuro – Uma juventude no Oriente Médio, de Riad Sattouf

00:05Universo dos Leitores

Escrita pelo cineasta Riad Sattou, a HQ autobiográfica O Árabe do Futuro - Uma juventude no Oriente Médio (1978-1984), é a primeira de uma trilogia e narra, com intensidade, leveza e sinceridade, a vida de Riad, um garoto que vive com os pais na França, mas que precisa se mudar para o Oriente Médio.

A mudança, que acontece de forma inesperada, faz com que a família vivencie novas experiências e enfrente novos desafios. Logo que chegam na cidade, descobrem que lá não existe propriedade privada e sequer privacidade. Governada pelo Coronel Muamar Kadafi, o país vive um socialismo intenso e enfrenta muitos problemas.
Com contextos políticos e históricos completamente diferentes, o processo de adaptação na Líbia acaba não sendo fácil como era esperado, o que faz com que eles retornem para a França. Contudo, após um curto período vivendo em Paris, o pai de Riad recebe uma proposta de emprego na Síria, o seu país de origem. 

Com isso, a família se muda novamente e passa a enfrentar o choque de viver em um local com um governo ditatorial e cruel com o de Hafez-al-Assad. Em todos os locais existem fotografias do ditador e por medo todos parecem idolatrá-lo; as crianças são estimuladas a brigar, para que aprendam a se defender e, no futuro, ingressem no exército; as orações acontecem fervorosamente e todos precisam saber o Alcorão de cor. O que impera no país são as regras. Apenas regras. Liberdade, por sua vez, ninguém conhece. 
Narrada sob a perspectiva de uma criança inocente, a história fala sobre questões raciais, sobre o impactos e as complexidades de um governo ditatorial, e sobre uma religiosidade por vezes excessiva. 

O interessante é que além de nos mostrar uma realidade diferente da que conhecemos, a leitura também reflete o peso da influência do pai na criação de um filho e discorre sobre a nossa capacidade de adaptação e de aceitação daquilo que nos é imposto. Fica um questionamento: aceitamos por concordar ou por precisar sobreviver?
Os traços são bem simples, em estilo de ilustrações infantis, e possuem cores diferentes conforme os períodos da vida do personagem, o que torna a leitura envolvente e diferenciada. 

Sem dúvida uma HQ interessante e inteligente, que nos coloca diante de culturas diferente e que emociona nos pequenos detalhes. Vale a pena conferir... 

Já estou curiosa (e ansiosa) com a continuação!
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