Amor Amargo Crítica

Amor Amargo, de Jennifer Brown

00:00Universo dos Leitores

Alex é uma jovem solitária, que carrega uma grande dor: a sua mãe faleceu em um acidente de carro no dia em que estava abandonando o lar para viver no Colorado. Como ela tinha apenas 8 anos quando tudo aconteceu, não se lembra muito bem dos fatos e o seu pai, sempre ausente e desinteressado, não faz questão de explicar. A sua irmã, Célia, também não conversa sobre a mãe e cultiva um comportamento grosseiro e arrogante, que lhe afasta dos demais.

Como dentro de casa ela não tem apoio nem carinho, toda a sua felicidade se resume ao convívio com Zack e Bethany, seus amigos de infância, seus melhores amigos, as pessoas com quem planeja viajar para o Colorado após a formatura, na tentativa de compreender melhor o que a sua mãe queria fazer por lá. 

Apesar de todos os seus medos e inseguranças, ela é uma garota esforçada, que trabalha para juntar dinheiro para a viagem dos sonhos, mas que mesmo assim consegue manter ótimas notas no colégio, razão pela qual acaba sendo convidada para ser monitora de Cole, um garoto lindo que mudou de escola no meio do ano e, por isso, precisa de ajuda para recuperar as notas e conseguir entrar no time de basquete do colégio. 

O contato entre os dois se torna cada vez mais frequente, eles rapidamente se apaixonam e começam a namorar. Pela primeira vez, Alex sente que alguém a ama e se entrega completamente ao sentimento. 

"Até aquele momento jamais havia pertencido a alguém, não assim. Cole me tinha por inteiro: corpo, alma e coração. E era libertador.
Quase como estar no topo de uma montanha."
No início, Cole é um príncipe, sempre gentil e encantador, mas após um tempo de namoro, ele começa a agir de forma possessiva e, por vezes, agressiva. Zack e Bethany percebem a situação e tentam ajudar Alex, que completamente apaixonada e envolvida, busca razões para as atitudes do rapaz e tenta perdoá-lo por tudo, afinal, a vida dele também não é fácil, ele tem problemas e ela não consegue resistir ao seu jeito carinhoso e aos seus olhares repletos de amor e intensidade. 

"Eles não entendiam Cole. Não entendiam o que eu sentia por ele. Não entendiam que certas coisas, como seu jeito de me acariciar e de me olhar nos olhos, cheio de ternura, não desapareciam de uma hora para outra só porque ele tinha ficado nervoso e perdido a cabeça."
Acontece que a situação começa a fugir ao controle de Alex, que fica dividida entre vários sentimentos: o amor por Cole; a amizade por Zack e Bethany; a vergonha de contar para os amigos ou para qualquer pessoa o que estava acontecendo; e o medo de encarar o julgamento das pessoas e perder o namorado.

Essa é uma história intensa, sincera e impactante, que fala sobre o amor, a obsessão, o ciúme e a opressão. Com uma narrativa envolvente e ágil, a escritora nos coloca diante de personagens sólidos e carismáticos, que nos conquistam por serem tão humanos, tão complexos e tão profundos. 

"Como era possível que fosse o mesmo cara que tinha colocado a mão sobre a minha, com todo o carinho do mundo, dedilhando cordas de violão e transformando em música o meu poema? Como era possível que fosse a mesma pessoa em quem havia depositado toda a minha confiança no topo do vertedouro? Que tinha beijado minhas pálpebras no seu quarto?"
Assim como "A Lista Negra", primeiro livro da escritora que foi publicado no Brasil, "Amor Amargo" aborda um tema importante e que precisa ser discutido com mais clareza entre os jovens. Um tema delicado, mas que infelizmente faz parte do cotidiano de muita gente e que não pode ser ignorado: a violência praticada dentro dos relacionamentos amorosos. 

O interessante é que a abordagem, ao mesmo tempo em que é intensa e dura, contém uma sensibilidade diferenciada, que permite que o leitor veja a situação de forma ampla, sem julgamentos e sem estigmas. A escritora não transforma o agressor em uma pessoa completamente desumana, da mesma forma que não coloca a vítima no papel de inocente ou coitada. Nessa história os dois lados são apresentados com suas fraquezas e imperfeições, com seus erros e acertos, com as suas dores e os seus medos. Aqui, ambos são reféns do amor, o que muda é somente a forma com a qual decidem lidar com o sentimento. 
Sem dúvida um ótimo livro, que mostra que é possível escrever boas histórias para jovens leitores e que consegue encantar, emocionar, tocar, chocar e, ainda por cima, informar. A mensagem é bem clara: julgamentos não ajudam em nada, afinal, só quem sente e vive uma situação sabe o que ela realmente significa. 

Vale destacar que o livro conta com uma "Nota da Autora", oportunidade que ela explicar as razões pelas quais decidiu abordar o tema, e com algumas "Perguntas sobre Abuso", cujas respostas e explicações foram dadas pelo psicólogo forense Daniel C. Claiborn. 

Super indicado!
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