Crítica David Eddings

O Trono de Diamante, de David Eddings

11:38Universo dos Leitores
























Hoje é dia de falar sobre o livro Trono de Diamante, que recebi em grande estilo da Editora Aleph, e que foi publicado pela primeira vez no Brasil. O livro de David Eddings chegou com uma capa imponente e carregando consigo a missão de inaugurar o gênero de fantasia na editora que é a maior referência de ficção científica no Brasil. Imediatamente fiquei encantada pela capa que despertou em mim a curiosidade de conhecer quem era a mulher sentada em um trono envolto em um rígido cristal, e qual a sua história.

O prólogo nos apresenta a lenda mitológica de uma gema de Rubi poderosa, encontrada por um troll anão que se tornou obcecado por seu imensurável poder. Parece um prólogo Tolkiano não é mesmo? Mas não se engane: a lenda faz uma abertura para a história que virá a seguir, e os elementos fantásticos são sutis e bem diferentes das histórias de Tolkien.

Também não se deixe levar por uma possível comparação com Guerra dos Tronos, a história foi publicada em 1989, bem antes do sucesso de George R. R. Martin.

Dito isto, vamos ao que interessa: a história é conduzida a partir do ponto de vista de Sparhawk , nosso cativante protagonista que acaba de retornar do exílio e que integra uma importante Ordem de cavaleiros guardiões, os chamados Pandions. Sparhawk é responsável pela guarda e proteção da rainha Ehlana, que está com a saúde extremamente fragilizada e sob grande risco de morte.

Diante da morte iminente e da suspeita de um possível atentado contra a vida da rainha (o que se confirma no desenvolvimento do livro), Sephrenia, uma feiticeira da raça styrica e também uma espécie de tutora de Sparhawk cria um feitiço junto a seus aliados styricos usando magia para envolver a rainha em um invólucro de proteção feito de diamante em torno do trono. O diamante possui natureza impenetrável, mas preserva a vida da rainha ao trono, fazendo ainda com que seus batimentos cardíacos ecoem por todo salão real.

Esta proteção durará no máximo por 12 meses, e a cada mês um dos styricos que participou do ritual mágico morre. A última a morrer será Sephrenia, o que motiva ainda mais a busca de Sparhawk, que parte em uma longa jornada pela cura de Ehlana.   

Uma característica muito interessante do livro na minha opinião é a forma como David Eddings constrói e apresenta o seu universo fantástico. Sem subestimar o leitor, a fantasia é apresentada do ponto de vista de Sparhawk, que descreve os elementos da história de forma indireta, quase que pressupondo um conhecimento prévio do leitor. Aos poucos os detalhes vão sendo acrescentados à narrativa e vamos construindo gradativamente o cenário fantástico sugerido por Eddings.



Por esta razão, ainda que Eddings não seja muito descritivo em relação aos personagens e aos grupos étnicos, raciais e fantásticos que compõe este livro, a compreensão da história e do universo de Trono de Diamante não fica comprometida. A história deixou algumas pontas, mas acredito que tudo seja esclarecido ao longo das duas sequências, característica que acho até interessante.


O carisma do protagonista nos prende à narrativa que quase não possui cenas de ação ou grandes reviravoltas. O desenvolvimento da trama é baseado nos diálogos, nas estratégias e nas disputas políticas. Confesso que senti falta de um pouco mais de ação em determinados momentos do livro, como em uma cena de batalha muito esperada que simplesmente é "saltada". mas creio que esta tenha sido uma escolha proposital do autor por este ser o livro que abre a Trilogia Elenium. 

Sparhawk é um personagem sério, mas tem charme, carisma e um sarcasmo que quebra vários momentos de seriedade. Além disso, ele conta com o jeito rústico e direto do amigo Kalten e com o adorável garoto Talen para trazer com sutileza um pouco de humor a esta fantasia de ares medievais. Sepherenia por sua vez é doce e sensata, e comporta-se como uma mentora, sendo respeitada por todos e atraindo a simpatia de quem lê a história. Já outros personagens enigmáticos como Flauta e Martell mantém-se bastante misteriosos, dando a entender que serão explorados futuramente. O vilão se mostrou (até então) bastante óbvio e não fez grandes participações, ao contrário de Sparhawk, que até então foi o centro de toda narrativa.

No geral adorei a fantasia e a complexidade do universo mágico criado por David Eddings. A história é original, tem um texto envolvente, um protagonista carismático, personagens bem construídos e não subestima o leitor. Minha única crítica seria a falta de ação e a obviedade estratégica em alguns momentos,  mas estas características não  comprometeram minha admiração pelo livro e tampouco o respeito pelo belo cenário criado por Eddigins. Espero ansiosa pela sequência! 




                                                                   

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