Aline Resende Cia das Letras

Otelo, de Willian Shakespeare

00:00Aline Resende


Otelo, obra de Shakespeare considerada um dos clássicos da literatura foi nesse exemplar, traduzida por Lawrence Flores Pereira com notas e introdução. Temos entĂŁo, a obra Shakespeariana marcada pela ambientação e diálogos de mais uma tragĂ©dia amorosa (como nĂŁo nos lembrar de Romeu e Julieta¿) mas dessa vez, pautada pelo ciĂşme, pela inveja e pela cobiça.

As linhas da história são contidas de diálogos repletos de significados fortes, retrato de uma sociedade patriarcal, racista e misógina da época.

Otelo Ă© negro e apesar de estar inserido numa sociedade altamente racista nos anos de 1600, se torna o “Mouro”, general das forças venezianas e ainda se casa com DesdĂŞmona, uma mulher branca, bela e filha de um senador veneziano. Tais fatos causam inveja e despeito, principalmente em Iago, o grande vilĂŁo da histĂłria e alferes de Otelo.

A trama se desenvolve a partir de planos arquitetados por Iago para derrubar Otelo, e para isso, ele se usa de diálogos repletos de argumentações muito bem elaboradas e assim, vai tramando uma teia de intrigas, ciúmes e violência.



O teor machista e violento contido na obra chega a incomodar e muito o leitor (no caso, eu como leitora e mulher) mas a crítica do autor aos traços tão mesquinhos, maldosos e preconceituosos da sociedade da época bem como o poder maléfico do ciúme são características que fizeram de Otelo uma obra incomum no teatro da época.

Com introdução e notas extremamente ricas de Lawrence Flores Pereira, essa publicação da obra deve ser lida como olhares atentos para os significados contidos em cada diálogo resultando assim num estudo psicológico social de teor altamente interessante.



“Iago A que foi sempre bela e nunca soberba,

Que Ă© livre em sua fala, mas nunca acerba,

Que tendo muito ouro, Ă© simples no vestir

Que foge do desejo, mas sabe quando agir,

Ela que, quando em fúria, a vingança despreza

NĂŁo apaga seu erro ou com rancor se enfeza,

A que cheia de tino nĂŁo fez confusĂŁo

Co`a a cabeça do bagre e o rabo do salmão,

Que sabendo pensar, nĂŁo externa sua mente,

Vê o galante passar, mantém o olhar pra frente

EntĂŁo seria alguĂ©m, se houvesse dessas belas...”

                                

You Might Also Like

0 comentários

Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...

Acompanhe nosso Twitter

Formulário de contato