Editora Zahar Infanto-juvenis

O Mágico de Oz, de L. Frank Baum

08:00Kellen Pavão

Hoje trago para vocês um conto de fadas moderno, diferente e muito especial pra mim, que marcou e ainda marca muitas gerações “O Mágico de Oz”, da Editora Zahar. 

SINOPSE

O livro nos conta a história da adorável Dorothy, uma garotinha que mora no Kansas com seus tios e seu cãozinho Totó. Dorothy vivia em uma pequena e simples propriedade rodeada por uma imensa pradaria cinza. Esse panorama cinzento representava também a vida da garotinha, que se sentia muito sozinha, salvo quando estava na companhia de Totó que despertava seus melhores sorrisos. Dorothy amava seu cachorrinho de tal forma que o pêlo brilhante dele se destacava em meio a imensidão acinzentada em volta da pequena garotinha.

No entanto, tudo muda quando a propriedade onde ela mora é atingida por um ciclone, o que faz com que sua casa seja carregada pelo vento e suba girando pelo ar.  Depois de muito rodopiar a casa finalmente “pousa" e a garota consegue sair em segurança com seu cachorrinho nos braços. Dorothy vê a sua volta um mundo completamente diferente da propriedade cinzenta onde mora no Kansas, cheio de cores vivas, plantas, coisas e seres fantásticos. 

Ela conhece uma jovem feiticeira e descobre que sua casa caiu sobre uma bruxa má que escravizava os Munchkins (pessoas que ali viviam) o que torna sua chegada muito festejada. 

Dorothy demonstra seu desejo de voltar pra sua casa e a bruxa boa recomenda que ela procure ao grande mágico Oz, para que ele a auxilie. Dorothy utiliza os sapatinhos da falecida bruxa para iniciar sua jornada, já que o calçado prateado tem poderes mágicos e seus sapatos estão gastos para uma caminhada (na versão do cinema Dorothy usa os famosos sapatinhos de rubi e não prateados).

Assim, Dorothy parte em busca da oportunidade de voltar ao encontro de sua tia seguindo por uma estrada longa e lúdica de tijolos amarelos.  Ao longo do percurso a menina conhece um espantalho que sonha em ter um cérebro, fazendo com que ela sugira a ele partir rumo a Oz e realizar seu desejo. 

Em seguida Dorothy encontra um homem todo feito de lata que estava enferrujado e consequentemente imóvel. Ela e o Espantalho o ajudam a se movimentar novamente e o Homem de Lata se mostra grato, confidenciando aos amigos sua história e sua tristeza por não ter um coração. Ele se junta aos novos amigos, protegendo Dorothy e Totó durante o percurso. 

Por fim Dorothy, o Espantalho e o Homem de Lata deparam-se com um grande leão covarde, que ameaça Totó. Dorothy o enfrenta e o questiona por ter ameaçado seu cão, uma criatura bem menor. O Leão admite sua covardia e se mostra muito insatisfeito por não conseguir se firmar como rei da floresta. 

Dorothy convida o Leão para a viagem e segue com seus novos amigos pela floresta enfrentando perigos que surgem ao longo do caminho até a Cidade das Esmeraldas. 

Chegando às terras de Oz, os amigos aguardaram até finalmente serem recepcionados pelo mágico, recebendo a tarefa de matar a última bruxa má como condição para terem seus desejos atendidos. Depois de matar a bruxa os amigos retornam à Cidade das Esmeraldas mas acabam descobrindo que Oz é um falso mágico que ilude os moradores da cidade, ainda que os trate com muita bondade.  

Para cumprir sua promessa, o mágico oferece aos amigos a possibilidade de atender seus pedidos e surpreende a todos em um desfecho inesperado.
MINHAS IMPRESSÕES

Publicada em 1901, a história de Dorothy apresenta características diferentes dos famosos contos de fadas “dos velhos tempos” (palavras do autor), que sempre traziam uma lição de moral vinculada a alguma tragédia ocorrida na história. 

Le Frank Baum logo na introdução de “O Mágico de Oz" tenta deixar claro que pretende evitar o derramamento de sangue e os personagens estereotipados muito comuns nas histórias infantis. De fato, se comparado à outros contos famosos mais antigos, O Mágico de Oz apresenta uma temática diferente e tenta ser menos “macabro” quanto ao destino dos personagens. 

O livro é irreverente e tira o leitor de sua zona de conforto. Os mais familiarizados com histórias infantis podem chocar-se com algumas passagens, o que acaba sendo um diferencial para o livro que tira o leitor da zona de conforto.

Abordando todo tempo a dicotomia bem x mal, a história surpreende por não narrar uma história de amor entre um casal, algo muito comum nos contos da época. O autor fugiu das tradicionais histórias de amor dos contos, príncipes e das princesas, priorizando valores como a amizade , a solidariedade, a compaixão e a cumplicidade. Bruxas boas e personagens ambíguos dão uma mostra da dicotomia já citada.

O autor também destaca de forma muito inteligente o papel do medo e da ignorância como mecanismos de dominação, em uma das passagens mais surpreendentes do livro.

O Mágico de Oz é uma história que se utiliza de metáforas incríveis, quebrando estereótipos e levando o leitor a um mundo lúdico, narrado sob a ótica da menina cheia de imaginação que mora. Apesar da classificação infanto-juvenil, a obra é uma ótima opção de leitura para os adultos, assim como Alice no País das Maravilhas, também publicado pela editora Zahar e que fez parte de nosso especial Semana da Criança.

Mesmo depois de tantos anos da publicação do livro e do lançamento do filme, “O Mágico de Oz” segue encantando gerações com seus exemplos de bondade, amizade, amor e lealdade. É uma linda história! Indico o livro e o filme!

A EDIÇÃO

A Editora Zahar lançou uma edição lindíssima deste grande clássico. A edição em capa dura conta com comentários do economista Gustavo Franco que conecta a aventura de Dorothy ao cenário político e econômico da época, além das ilustrações originais de W.W. Denslow com o capricho e o cuidado característicos dos livros publicados pela editora. Um deleite para qualquer colecionador!

Citações

"Você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem […]"

"Agora eu sei que tenho um coração, porque ele está doendo."

"Ela parou de se preocupar e resolveu esperar calmamente para ver o que o futuro lhe reservava." 

"Se eu não tivesse coração, não seria um covarde." - disse o Leão pensativo. Página 52 

"Mas já tive cérebro e um coração também. E tendo experimentado os dois, prefiro o coração." - 

"A maior perda que tive, foi a perda do meu coração. Enquanto eu amava, era o homem mais feliz da terra; mas ninguém pode amar sem coração." 

"Mas sua maior tristeza, era não poder encontrar alguém para amar em troca, já que todos os homens eram idiotas e feios demais para formar um par com uma princesa tão bela e inteligente." 

"Não há ser vivo que não tenha medo quando enfrenta o perigo. A verdadeira coragem é enfrentar o perigo quando se tem medo." 

"Há coisas piores na vida do que ser um espantalho."

                                                      

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