John Green Livros

Quem é você, Alasca?, de John Green

09:00Angélica Pina

Miles Halter é o narrador protagonista dessa história, típico personagem de John Green: adolescente, inteligente (praticamente um nerd), cheio de conflitos internos, em busca de mudanças e com uma mania estranha (a dele é colecionar “últimas palavras”, ou seja, palavras ditas pelas pessoas antes da morte). Ele decide sair de seu atual colégio e vai para um internato, em busca do “Grande Talvez” citado pelo poeta francês François Rabelais.

Em Culver Creek, Miles passa a dividir um quarto com Coronel, que se torna um grande amigo, ganha o apelido de Gordo (justamente por ser bem magro!) e conhece seus outros novos amigos: Takumi, Lara e Alasca. Essa última, uma garota extremamente inteligente, bonita e sensual, mas cheia de altos e baixos, complexa e confusa – o que explica bem o nome do livro. Alasca Young tem um namorado, mas isso não impede que Gordo se apaixone por ela.

“Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.”
John Green tem uma habilidade incrível de narrar os acontecimentos da vida de um grupo de adolescentes como se ele mesmo fosse um. Ele utiliza uma linguagem repleta de gírias e até palavrões, com tiradas muito bem humoradas, mas sempre dá um jeito de impregnar suas histórias com conflitos que geram reflexões, algo bem comum nessa fase da vida. Seus personagens são sempre densos, cheios de defeitos, inseguranças, medo, curiosidade. O grupo de Miles está sempre se escondendo para desfrutar de bebidas e cigarros, além de planejar trotes na escola, sendo Alasca a principal responsável pelas ideias mais mirabolantes.
  
“ ‘Porque você fuma tão depressa?’, perguntei. Ela me olhou e abriu um sorriso largo, e um sorriso assim tão largo em seu rosto estreito talvez lhe desse um ar meio tolo não fosse a inquestionável elegância de seus olhos verdes. Ela sorriu com todo um encantamento de uma criança na noite de Natal e disse: ‘Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer.’”

Como já disse em outras resenhas de livros do Green, repito que este também é diferente de “A culpa é das estrelas”, o primeiro que muitos leitores conhecem do autor e acabam se apaixonando. Se você amou “A culpa é das estrelas”, não necessariamente vai gostar também de “Quem é você, Alasca?”, por isso, cuidado com expectativas. Eu sou suspeita, porque gosto do estilo do autor. Não digo que esse seja o que mais gostei dele, mas o considero sim um bom livro, intrigante e inteligente na medida.
“Precisava ser dito, mas as palavras fizeram tudo ficar desagradavelmente desconfortável, como ver seus avós se beijando.”

“Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de conseqüências que resulta das nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil.”




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