Como viver eternamente Crítica

Como viver eternamente, de Sally Nicholls

00:00Angélica Pina

“Este é o meu livro, iniciado em 7 de janeiro e terminado em 12 de abril. É uma coletânea de listas, histórias, fotos, perguntas e fatos. É também a minha história.”

Sam é um garoto de 11 anos que tem leucemia e decide escrever um livro contando sobre sua vida. Ele não frequenta a escola normal e tem aulas particulares com a professora Willis em sua casa, junto com seu amigo Felix, que ele conheceu no hospital no ano anterior quando ambos estavam internados em tratamento de suas doenças.

“A leucemia sempre volta. Eles pensam que já curaram, mas ela volta. Não para todo mundo. Fato: oitenta e cinco por cento das pessoas ficam curadas para sempre. Seriam então oito pessoas e meia em cada dez. Oitenta e cinco em cem. Oitocentas e cinquenta em mil. Isso quer dizer a maioria das pessoas. Porém, no meu caso ela sempre volta.”
Sam tem uma irmã mais nova chamada Bella, que não entende direito o que está acontecendo. Sua mãe vive em função de cuidar do filho doente e o pai trabalha o dia inteiro, nos poucos momentos que está em casa não costuma falar muito.

O garoto faz uma lista de coisas que deseja fazer antes de morrer, que vai desde “Subir em uma nave espacial e ver a Terra do espaço” a “Ser um adolescente. Fazer coisas que adolescentes fazem, como beber, fumar ou ter namoradas”. Seu amigo Felix decide ajudá-lo a realizar todos os seus desejos. Mais tarde, ele acaba mostrando sua lista para o pai, que também se empenha para realizar alguns dos desejos do filho.

A autora Sally Nicholls consegue provocar no leitor uma reflexão sobre a importância de darmos valor às pequenas coisas que temos o privilégio de realizar com facilidade. Os garotos, embora fragilizados pela doença, são determinados a aproveitarem cada oportunidade que tem e ficam verdadeiramente felizes quando alcançam um dos seus objetivos.

“Não acreditei que ela estava realmente me deixando descer de trenó. Normalmente ela teria ficado preocupada, com medo de que eu me machucasse. (...) Senti o vento no meu rosto. Senti o frio através das luvas. Avistei os arbustos no fim da ladeira e, além deles, a longa curva do rio. “Nunca me senti tão vivo”, pensei. “Nunca. Quero que este momento dure para sempre.” ”
A linguagem utilizada no livro é bem simples, já que é como se o próprio Sam tivesse escrito, mas em alguns momentos traz assuntos delicados, como quando o garoto questiona sobre “Porque Deus faz as crianças adoecerem?” e cita “Perguntas que ninguém responde” como suas dúvidas sobre a morte.

Como viver eternamente é um típico sick-lit (literatura de doença): fala sobre a vida e a morte sem fantasiar a realidade. Tem grande potencial para arrancar lágrimas dos leitores, mas traz também a possibilidade de ensinar as pessoas a enxergarem de um modo diferente a vida de uma família que tem que enfrentar uma doença como essa.

“- O que você anda aprontando? – perguntou ela, enquanto se sentava ao meu lado para tirar uma amostra de sangue. Tirei minha camiseta para que ela pudesse chegar à minha linha de Hickman. Uma linha de Hickman é um tubo plástico fino e longo que tenho enfiado no meu peito. Eles usam para tirar o meu sangue e dar medicamentos. Não é nada demais, mas é um saco porque está sempre lá e não deixa você se esquecer de que está doente.”


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