A. J. Kazinski Crítica

O último homem bom, de A. J. Kazinski

00:00Angélica Pina

Niels Bentzon é um policial dinamarquês que trabalha na área de negociações, conversando com pessoas que estão prestes a cometer suicídio ou assassinar vítimas mantidas como reféns. Seu papel é convencer essas pessoas a mudarem de ideia. Um dia seu chefe recebe um comunicado de que crimes estranhos estão ocorrendo por todo o mundo: pessoas envolvidas com ajuda humanitária estão aparecendo mortas de forma misteriosa, todas com uma espécie de tatuagem nas costas. Como Niels é considerado maníaco-depressivo, seu chefe resolve afastá-lo do que vem fazendo há anos e “ocupá-lo” com uma tarefa inusitada: contatar as pessoas boas de Copenhague e alertá-las sobre o que está acontecendo, apenas por precaução.

Tommazo di Barbara é um policial italiano que está trabalhando em Veneza, empenhado em descobrir o mistério dos assassinatos baseado no mito em torno dos “36 homens justos de Deus”, do Talmude judaico, que consiste na ideia de que a cada geração Deus escolhe trinta e seis pessoas boas para tomar conta da humanidade e combater o mal. É ele quem envia o alerta para a polícia das principais capitais do planeta e faz com que Niels se envolva na investigação.

“Parece que não é uma ideia tão forçada a de que precisamos de apenas trinta e seis pessoas para manter o mal encurralado. Lembre-se apenas de que todas as revoltas da história mundial, tanto as boas quanto as más, foram iniciadas por indivíduos.”
Hannah Lund é uma astrofísica com Q.I. altíssimo que vive isolada do mundo após seu filho ter cometido suicídio aos quinze anos e ter sido abandonada pelo marido, homem que está sendo procurado por Niels por figurar sua lista de “pessoas boas”. É assim que o policial conhece Hannah, que se interessa pelo caso e, após um minucioso estudo sobre as informações recolhidas por Tommazo, descobre alguns detalhes primordiais, entre eles o fato de que faltam apenas duas pessoas para que as trinta e seis sejam eliminadas da Terra.

A partir daí, os três travam uma batalha contra a incredulidade de muitos e a falta de pistas concretas, não para descobrirem quem é o assassino e detê-lo, mas sim descobrir quem são as duas próximas futuras vítimas para protegê-las e poupá-las.

A narrativa em terceira pessoa de A. J. Kazinski (que na verdade é um pseudônimo dos autores dinamarqueses Anders Ronnow Klarlund e Jacob Weinreich, que escreveram em parceria) adquire um ritmo de tirar o fôlego à medida que mais descobertas são feitas e o mistério começa a ser entendido pelos personagens e pelos leitores. Paralelamente ao caso principal, as vidas particulares dos protagonistas também vão sendo desvendadas, o que permite que o leitor compreenda toda atitude tomada por cada um deles.
O enredo é muito rico, fruto de inúmeras pesquisas feitas sobre os assuntos abordados no livro. No meu caso, a princípio a leitura demorou um pouco a engrenar, mas depois que a “caçada” às últimas pessoas boas começou de fato, foi difícil parar de ler, pois a tensão e a curiosidade foram grandes. O desfecho é surpreendente e faz refletir, principalmente sobre o sentido de bem e mal, vida e morte. Leitura super recomendada!

“- O senhor entende o que eu quero dizer? As pessoas más também têm mãe, sr. Bentzon. Mães que as consolam e lhes dizem que elas estão fazendo o que é certo. Para elas, nós somos o monstro.”

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