Amy Kathleen Ryan Centelha

Centelha, de Amy Kathleen Ryan

00:00Angélica Pina

Centelha é o segundo volume da trilogia Em busca de um novo mundo, sequência de Brilho (resenha aqui).

Depois de conseguirem fugir da nave New Horizon, lideradas por Waverly Marshall, as garotas que haviam sido sequestradas retornam para a Empyrean, onde Seth Ardvale está preso após ter arquitetado um motim contra Kieran Alden, que assumiu o papel de capitão.

Após o som de uma explosão, os alarmes soam e o pânico se espalha a bordo da Empyrean. Os garotos responsáveis pelo funcionamento e controle da nave descobrem que sofreram um atentado e que as celas da prisão foram abertas – ou seja, Seth deixou de ser um prisioneiro. A conclusão que chegam é de que há um invasor na nave.

Além do medo, da insegurança e da falta que sentem dos pais, os jovens que restaram na Empyrean não estão satisfeitos com o estilo de liderança de Kieran, que se mostra autoritário e tirano. Ele acredita estar desempenhando bem seu papel de proteger os mais novos e gosta de ser aclamado pelos que o seguem.

“Seth não tirava o anúncio da cabeça. Kieran tinha sido bem mais baixo do que ele achava possível, dizendo que Seth e o passageiro clandestino estavam mancomunados. Ele sabia que Kieran poderia tentar fazer algo do gênero, mas ainda assim doía saber que todas as pessoas da nave agora suspeitavam que ele fosse um traidor.
- Boa jogada, Kieran – murmurou Seth.”
Waverly fica chocada com as mudanças que nota no garoto que amava e decide bater de frente com ele, o que faz com que os dois comecem a se ver como inimigos.

“Ele se virou novamente para Waverly, que permanecia na cela, ainda encarando-o, ainda sem acreditar naquilo.
- Waverly, – disse ele – vamos.
Ela balançou a cabeça em negativa.
- Enquanto Sarah permanecer aqui, eu também vou ficar.
- Eu posso fazer com que retirem você daí à força.
- Se você quiser provar que estou certa em relação a você... – embora a raiva estivesse se revirando dentro dela, sua voz era firme e baixa. – Você é igualzinho à Anne Mather. Você se transformou em uma versão mesquinha dela, e só vai piorar até que perceba isso.”

Enquanto o passageiro clandestino provoca confusão na nave sem ser pego, já que alterou os sistemas de câmera, Seth, Kieran e Waverly tentam sozinhos, cada um a seu modo, descobrir quem ele é e onde está escondido.

Paralelamente a isso, todos trabalham em cima do propósito de resgatar os adultos que ficaram como prisioneiros na New Horizon, sem sequer saberem quem são os sobreviventes. Crianças e adolescentes vivem a angústia de não terem notícias de seus pais e muitos não sabem que se tornaram órfãos.

Entre negociar com a nada confiável líder da outra nave e atacar de forma violenta e capturar os prisioneiros à força, sentimentos contraditórios enchem os corações dos jovens que precisam amadurecer custe o que custar.

“- Eu não quero negociar com aquela mulher – disse Alia, com sua voz aveludada subitamente fria e rígida.
- Não vamos dar a ela uma única coisa do que ela queira – retrucou Waverly com ferocidade. – Mas podemos fazer com que ela pense que estamos dispostos a jogar segundo as regras dela.
Isso pareceu chamar a atenção plena de todo mundo, e a sala ficou até mais silenciosa, de forma que as palavras seguintes de Waverly vieram carregadas de um significado extra.
- Vamos agir como se quiséssemos cooperar com ela – disse Waverly em um tom sombrio. – E então, vamos matá-la.”
Nesse segundo livro, a narrativa de Amy Kathleen Ryan continua muito boa, com excelente ritmo e muitas reviravoltas inesperadas. Apesar disso, gostei mais do primeiro volume, que me surpreendeu mais e me deixou eufórica quando terminou. De qualquer forma, tenho ótimas expectativas para a sequência, pois o final de Centelha deixou um gancho que promete mais revelações bombásticas. 

O projeto gráfico do livro segue exatamente a mesma linha do primeiro, com capa e detalhes internos lindíssimos, mas ressalto que encontrei vários errinhos que passaram despercebidos na revisão. Recomendo muito a leitura! Agora é segurar a ansiedade até que saia o terceiro.

“E Seth também não gostava de vê-la daquele jeito. Ele não era tão ingênuo assim a ponto de acreditar que Waverly não tinha nada de sombrio dentro de si. É claro que tinha. Seth vivera sua vida acreditando que todo mundo tinha um lado negro; todo mundo poderia ser empurrado e forçado a passar dos limites de sua própria humanidade. Isso acontecera tantas vezes com Seth. Viu acontecer com seu pai, não de maneira explícita, mas como um lento e insidioso câncer que crescia dentro do homem até que a luz por trás de seus olhos se transformasse em sombra e ele tivesse perdido a capacidade de sorrir, até mesmo para o seu próprio filho. No entanto, Waverly... isso não deveria ter acontecido com ela. Seth daria qualquer coisa se pudesse levar aquilo embora, fazer com que ela voltasse a ser como era antes. Ajudá-la a aprender a ser ingênua novamente.”





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