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Vício Inerente, de Thomas Phyncon

00:00Universo dos Leitores

Quando descobri que o Joaquim Phoenix faria parte de um filme chamado Vício Inerente (estréia prevista para março), cujo roteiro foi adaptado de um livro com o mesmo título, fui pesquisar sobre o livro e descobri que o seu escritor, Thomas Phyncon, é um homem recluso, que não gosta de dar entrevistas e tirar fotografias, e é conhecido pelos livros complexos, com muitas páginas e histórias com diversos personagens. 

As informações reunidas chamaram a minha atenção e resolvi dedicar um tempo à leitura dessa obra. Logo nas primeiras páginas conheci Larry “Doc” Sportello, um detetive drogado, vulgar, irônico e perspicaz, que era proprietário da LSD Investigações (Localizamos, Seguimos, Detectamos)

Contratado por sua ex-namorada Shasta Fey para investigar o desaparecimento de um milionário da ramo imobiliário, ele sai em busca de informações e de provas do crime, sendo perseguido constantemente por Pé-Grande Bjornsen um policial que faz de tudo para prejudicá-lo. 

A partir dessas premissas, iniciamos uma história que envolve mafiosos, empresários, hippies, músicos, prostitutas etc. O que era para ser apenas a investigação de um desaparecimento se transforma em uma investigação arriscada, repleta de intrigas e complexidades. 

Talvez esse livro possa ser definido como insano. Nele você vai encontrar um homem louco, completamente drogado, com pensamentos desconexos, que mergulha de cabeça nos casos e envolve qualquer pessoa na busca incansável por pistas. 


""Putz grila." Doc tinha uma ou outra vez estado no - e pela graça de Deus, saído do - notório Oscar's, logo depois de se cruzar a fronteira de Tijuana, onde os banheiros fervilhavam vinte e quatro horas com junkies novos e velhos que tinham acabado de se dar bem no México, posto a mercadoria em balões de borracha que engoliram, e aí voltaram para os EUA para vomitar de novo as bexigas."
Ambientada nos anos 70, a narrativa apresenta várias influências artísticas e musicais e define muito bem o cenário e as situações, contudo, a linguagem chula e carregada de gírias de Phyncon não conseguiu prender a minha atenção, o que fez com que a leitura se arrastasse, tornando-se maçante em alguns momentos. 

Outro fator que desfavoreceu o meu envolvimento foi o número excessivo de personagens. Sem muita definição, eles não cativaram e não se tornaram importantes da obra, aparecendo muitas vezes apenas para dar explicações ou descrevem situações nem sempre relevantes para o enredo principal. 

Apesar de ter uma ideia principal interessante e dos diálogos serem engraçados em alguns momentos, a história parece sair de um ponto específico e não caminhar para lugar nenhum. A sensação que fica é que o escritor escreveu tudo que veio na sua cabeça, sem se preocupar com a coerência ou com o contexto de uma ideia dentro do livro como um todo. 

Como filme, acredito que a obra pode funcionar bem, já que personagens caricatos e repletos de trejeitos próprios ficam bem no cinema. Sem contar que para a adaptação é provável que várias cenas sejam cortadas e uma sequência mais lógica seja conferida à história. Vou aguardar ansiosa! 

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