Anton Tchechov Crítica

Minha Vida, de Anton Tchekhov

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Publicada em 1896 pelo escritor russo Anton Tchekhov, a novela Minha Vida narra a história de Missail Póloznev, um jovem nobre bem de vida, frustrado com sua carreira e que não se adapta em nenhum emprego burocrático. Missail é filho de um arquiteto ultraconservador, que traça o futuro casamento da filha e que deposita no filho grandes expectativas profissionais: uma carreira tradicional, segura e respeitada. 

No entanto, Missail não tem a menor vontade de atender aos anseios de seu pai e abandona seu emprego, o que estremesse a relação dos dois. Missail acaba tomando uma decisão radical e contrária ao que se esperaria de um jovem em sua posição social: ele decide abandonar os trabalhos burocráticos dos escritórios e passa a se dedicar à atividades braçais como pintor. 

"O meu pai recebia propina e imaginava que lhe davam isso em respeito às suas qualidades morais”. Que tal? "

O trabalho manual era duramente criticado na época, e os trabalhadores braçais tinham um tratamento pior que o destinado aos animais. O pai de Missail abominava sua atitude e se sentia profundamente envergonhado a cada vez que precisava explicar à sociedade a inesperada decisão do filho.

O corajoso protagonista rompe suas relações com o pai e consequentemente com todos à volta assim que começa a pintar. No entanto sua determinação não o impede de constatar o quanto se tornou insignificante para todos aqueles que o cercam, exceto para sua irmã e para Macha, que se encanta por seu discurso e se casa com ele.


"Nas lojas, a nós, trabalhadores, empurravam carne podre, farinha estragada e chá usado; na igreja, a polícia nos empurrava..." 

O casal, que opta por uma vida tranquila e bucólica, logo sofre um choque de realidade e Macha, que antes admirava o discurso do esposo passa a criticar o estilo de vida que escolheram. O comportamento dos mujiques (camponeses russos) incomodam a Macha que passa a ter asco da vida do campo. 

Minha Vida não é um livro indispensável nas estantes, nem é o melhor trabalho entre tantos que a complexa literatura russa ofereceu. No entanto, Anton P. Tchechov possibilita duas interpretações bastante interessantes: a primeira é a análise utópica da sociedade que fazemos através do olhar de Missail, que em diversos momentos propõe críticas aos modelos sociais, à divisão de classes e à aparente futilidade da maioria das pessoas que o cercam.




Sob um outro olhar, notamos o pessimismo do autor quando Missail tem que lidar com as consequências de sua decisão. Por mais que o personagem esteja certo de que fez a melhor escolha, ele sofre as consequências de seu ideal de vida, e observa que a corrupção, a ignorância, o preconceito, a falta de ideais e o o discurso vazio das pessoas são características presentes em todas as classes sociais, o que é constatado de forma melancólica e constrangedora por Missail.





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