Clássicos Zahar Crítica

O Lobo do Mar, de Jack London

00:00Universo dos Leitores

“É certo dizer que a vida não tem valor senão para ela mesma. E posso dizer que agora minha vida é extremamente valiosa: para mim. Está além de qualquer preço, o que poderá lhe parecer uma valorização excessiva, mas isso é algo que não posso evitar, porque é a vida em mim quem estipula esse valor.”

Alguns livros são feitos para serem devorados, outros, por sua vez, para serem lidos com calma e atenção, na tentativa de internalizar todas as suas lições e sentir profundamente as diversas emoções que a história busca provocar. O Lobo do Mar, de Jack London, sem dúvida está entre os ocupantesda segunda categoria. É que mesmo com a linguagem envolvente e acessível (graças à tradução impecável do Daniel Galera), a obra possui uma profundidade ímpar e apresenta reflexões interessantíssimasque nos tiram da tão comum “zona de conforto” e nos colocam diante de vários dilemas internos. É um livro que abre a nossa mente, muda os nossos pontos de vista e nos permite ir além. 
Tudo começa quando o navio deHumphrey van Weydennaufraga e ele é resgatado pelos marinheiros do navio Ghost, cujo capitão é Wolf Larsen, um homem bruto e muito cruel, que obriga Humphrey a trabalhar com mão de obra pesada e o coloca diante de diversas situações humilhantes e desgastantes, fazendo com que ele reflita sobre tudo o que viveu até então e descubra novas maneiras de se portar diante da vida e dos conceitos sobre moral, ética, verdade, materialismo e amor próprio. 

“- E ele nunca filosofou sobre a vida – acrescentei.
– Não – respondeu Wolf Larsen, com um indescritível ar de tristeza. – E ele é mais feliz assim, deixando a vida em paz. Está ocupado demais vivendo a vida para pensar nela. O meu erro foi ter um dia aberto um livro.”
Acontece que o nosso protagonista, que antes daquela aventura era um crítico literário e vivia de renda da família, não estava acostumado com o trabalho pesado e com a ideia de que a vida é frágil e não permite nenhuma certeza ou segurança. Na sua nova realidade, mais que aprender a enfrentar situações de risco, ele precisa aprender a conviver com pessoas diferentes, com outros padrões de educação e outros ideais de vida em sociedade. A verdade é que ele precisa se redescobrir ou, quem sabe, renascer! 

Mas como a vida, mesmo em meio ao caos, reserva algumas surpresas, foi no navio Ghost que ele teve a oportunidade de conhecer Maud Brewster, uma escritora muito elogiada pela crítica, que lhe ensina o significado do amor e renova as suas expectativas e as suas esperanças diante daquela existência tão banal e complexa... 

“Há uma quantidade limitada de água, de terra, de ar, mas a vida que está à espera de nascer é ilimitada. A natureza é de uma prodigalidade infinita.”
Essa é uma história encantadora e inesquecível sobre adaptação e recomeço. Com personagens intensos e bem caracterizados e diálogos críticos e inteligentes, especialmente os protagonizados por Humphrey e o capitão Wolf Larsen,é possível se perder em reflexões sobre a fé, a evolução do homem, a força, a coragem, a fragilidade da vida e até a mesmo a importância da literatura.

Sem dúvida uma obra que merece ser apreciada com carinho. Um livro para aqueles que tem coragem de enfrentar os pensamentos mais íntimos e lutar contra as possíveis verdades que a sobrevivência nos impõe. 
Curiosidades:

- O livro foi escrito por Jack London e publicado pela primeira vez no ano de 1904 e a tiragem inicial de 40 mil exemplares esgotou em apenas 10 dias. 

- A edição da Zahar possui ilustrações originais, notas de Bruno Costa e uma Introdução brilhante do crítico JocaReinersTerron, que disse o seguinte: “A estranha ordem imposta à tripulação pelo cruel capitão Wolf Larsen, ganha ares de filosofia e conhecimento de mundo. No peculiar embate entre os dois homens – entre a concepção de mundo primitiva do capitão e a civilidade e moralismo de seu refém -, Jack London ultrapassa o romance de aventura, fazendo de O Lobo do Mar uma reflexão sobre o bem e o mal, sobre os determinismos darwinianos da vida e a condição humana”.

- A Zahar vai publicar a versão bolso-luxo da obra, então em breve teremos novidades! 
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