Crítica Editora Aleph

Jurassic Park, de Michael Crichton

00:00Universo dos Leitores

 Sabe aquela historia de que o livro sempre é melhor do que o filme? Pois é.....

Lá pelos idos de 1993 estreava nos cinemas do Brasil Jurassic Park: o parque dos dinossauros, dirigido por Steven Spielberg. Eu vi o filme no “Tela Quente” da Rede Globo™ um bom tempo depois (como era complicada a vida sem internet e os sites que pirateiam tudo nos trazem os lançamentos antes). Só fiquei sabendo que o filme era baseado em um livro tempos depois de ter assistido ao terceiro filme da franquia.

"Vivemos em um mundo de obviedades terríveis. É óbvio que você vai se comportar assim, óbvio que vai se importar com aquilo. Ninguém para e pensa nas obviedades. Não é espantoso? Na sociedade da informação, ninguém pensa. Nós esperávamos banir o papel, mas na verdade acabamos banindo o pensamento."
 Pois bem, no nosso encontro literário do mês de agosto (imagine um encontro para comer biscoito e tomar chá, então, é a mesma coisa, mas sem chás e biscoitos e com leitura prévia de um livro e debate sobre ele) lemos justamente o livro que deu origem à franquia. Jurassic Park foi escrito por Michael Crichton e lançado em 1990, sendo relançado agora pela Editora Aleph™ (que faz uma edição de livro mais linda que a outra). Se você não sabe do que se trata o enredo do filme/livro você passou os últimos vinte e quatro anos em um planeta distante ai vai um resumo: uma empresa norte americana (claro!) desenvolve uma forma para clonar dinossauros por meio do material de DNA extraído de mosquitos (que se alimentaram do sangue destes dinossauros milhões de anos atrás) preservados em âmbar para criar um parque temático, tipo Beto Carreiro World, em uma ilha  da Costa Rica, enquanto o parque é construído começam a acontecer alguns “acidentes” com trabalhadores do local e alguns outros acidentes estranhos envolvendo espécies exóticas de “lagartos” nas cercanias locais. 

A empresa “International Genetic Technologies, Inc., de Palo Alto” busca uma equipe de especialistas, que já haviam emitido pareceres para ela no inicio do projeto, para avaliar a segurança do local em um final de semana, daí em diante tudo dá errado na ilha e os dinossauros saem do controle e começam a atacar os visitantes presentes naquele momento. O final do primeiro filme é diferente do final do livro, aliás, falando em diferenças entre livro e filme, algumas saltam aos olhos, sobretudo em relação aos personagens do enredo. Por exemplo a garotinha Alexis, que no filme é super atuante e se desenvolve muito bem, no livro é apenas uma personagem feita para irritar devido a sua total disfunção no enredo do livro. Eu não entendi a razão do autor inserir um personagem como ela no livro, neste caso o personagem do filme ficou bem mais interessante que o do livro. Outro exemplo é John Hammond, se no filme ele se traveste de um velhinho bonachão, no livro ele é um monstro obcecado por deixar uma marca no mundo e ganhar muito dinheiro. 

"Existe um problema com aquela ilha. Ela é um acidente esperando para acontecer."

Obvio que em um filme o aspecto estético se concentra nas cenas e fotografia, cinema busca no visual uma forma mais proeminente de contar uma historia, já a literatura busca contar uma historia pela descrição, deixando uma parte do trabalho com a imaginação do leitor, por isto mesmo em um livro as informações acabam por serem mais detalhadas e em um filme elas podem ser mais “corridas”, não serem utilizadas ou serem substituídas por outras formas gráficas de expressão (por exemplo, no filme, ao explicar como é retirado DNA para clonar os dinossauros o idealizador do “Parque dos Dinossauros” usa uma animação enquanto que, no livro, são dadas explicações aos visitantes mais longas e detalhadas), talvez por esta necessidade de adaptar uma historia, que foi feita para ser completada pelo leitor, os personagens, ao serem transportados para as telas de cinema, foram alterados. 
Crichton era médico, formado pela Harvard Medical School, e incluía nas suas obras algum rigor cientifico (ele também foi produtor executivo da serie “Plantão Médico”) mas, sobretudo em Jurassic Park, Crichton fez uma critica a forma como a ciência pode ser dirigida, veja um exemplo nesta fala de John Hammond:

- Se você fosse começar uma empresa de bioengenharia, Henry, o que você faria? Faria produtos para ajudar a humanidade, para combater as doenças e enfermidades? Minha nossa, não. Essa é uma ideia terrível. Um uso muito pobre de uma tecnologia nova.

Acho que, ao escrever esta fala, Crichton pensava que ocorre mais ou menos o seguinte quando uma nova tecnologia é desenvolvida:


Posso julgá-lo? Não, pois este deve ser um pensamento muito recorrente na sociedade norte americana (basta ver o filme “O Fugitivo”, que tem Harrison Ford como protagonista, para entender a neura norte americana com este tema.). Além disto uma critica que salta aos olhos do leitor, neste livro, é com o fato de que cientistas não terem limites ao usar a ciência, muitas vezes não se preocupando com as consequências de seus atos ou não levando em conta quais seriam todas as consequências possíveis destes atos, desde que tais possam trazer os louros da gloria e do reconhecimento de seus pares. Ao ler o livro eu fiquei procurando as semelhanças com o filme, cena a cena e pagina a pagina, afinal a referencia que eu tinha era o filme. 

"Esses animais são geneticamente desenhados para serem incapazes de sobreviver no mundo real. Só podem viver aqui, no Jurassic Park. Eles não são livres, de forma alguma. São, essencialmente, nossos prisioneiros."

Achei várias semelhanças e diferenças, inclusive achei muitas semelhanças entre o livro e o último filme da franquia que foi lançado recentemente (Jurassic World) que ficaram de fora do primeiro filme. Como meu referencial foi o filme eu tive dificuldades em acompanhar o ritmo do livro, nem tanto pelas diferenças entre filme e livro (embora eu tenha ido até o fim esperando/torcendo para ver a “Lex” se redimir) acredito que fui ler o livro com uma carga de ideias preconcebidas e ao comparar minhas ideias com o que eu estava lendo tive um pequeno choque.

Então, sabe aquela historia de que o livro sempre é melhor do que o filme? Pois é, até hoje eu concordava com esta historia, depois de ler Jurassic Park passei a acreditar que existem boas adaptações e más adaptações. Jurassic Park: o parque dos dinossauros e Jurassic World foram excelentes adaptações do bom livro Jurassic Park de Michael Crichton.

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