Crítica Darkside Books

King of Thorns, de Mark Lawrence

00:00Universo dos Leitores



Continuação de “Prince Of Thorns” (leia a resenha aqui), o segundo volume da Trilogia dos Espinhos chega às nossas mãos com o sugestivo nome de “King of Thorns” e conta os quatro anos seguintes a conquista do castelo “Assombrado” e da vingança perpetrada por Honório Jorg Ancrath (apenas ‘Jorg’ para os íntimos) contra seu tio. 

A história se inicia com o cerco ao Assombrado e se desenrola indo e voltando no tempo para preencher os detalhes. Ficamos sabendo um pouco mais sobre o passado de Jorg e como as coisas ocorreram para que ele fosse jogado em uma roseira-brava. Jorg acaba por lutar contra forças muito maiores do que as que, aparentemente, tentam decidir o destino de seu mundo e, ao longo do caminho, ele perde alguns “amigos” e ganha outros (sem nos esquecermos que ele consegue ganhar inimigos apenas por andar na rua).

Sobre o protagonista, podemos afirmar que ele é um verdadeiro monstro, um psicopata egocêntrico e ardiloso, pronto a sacrificar qualquer pessoa para atingir seus objetivos (exceto, talvez, a sua ‘tia’ por quem ele nutre um forte desejo físico). No entanto, neste volume, aparentemente Jorg tem sua personalidade megalomaníaca amenizada e, ao final do livro, entendemos o porquê ficamos com a sensação de que falta algo nele. Não que ele tenha se tornado alguém bom (muito antes pelo contrario), mas parecia que ele, talvez devido à idade, estivesse colocando em perspectiva toda a raiva que sentia do mundo, o que só fez machucá-lo.
Jorg é um personagem complexo, vitima de monstruosidades que moldaram sua personalidade. Com isso, ao chegar aos dezoito anos (lá no primeiro volume ele tinha treze) e ao ser confrontado com as responsabilidades da coroa que colocou sobre sua cabeça, a dureza parecia ser amainada pelas responsabilidades que ele enfrentava, sempre lembrando que ele busca fazer tudo que for necessário para alcançar um objetivo, mesmo que não seja o certo a se fazer. Não há em Jorg nada do herói que sacrifica a si mesmo pelo bem comum. 

Neste livro somos até apresentados a alguém que poderia ser este herói redentor, o príncipe de Arrow, Orrin. Ele é o típico personagem feito para ser o protagonista, já que é austero, lúcido, bondoso (apesar de fazer a guerra, ele o faz para acabar com a guerra centenária que destrói o mundo) e abnegado, fazendo com que todos a sua volta percebam as suas boas intenções. Nem mesmo as forças cruéis que manipulam os homens da Centena não conseguem se apoderar deste príncipe, ou seja, ele é o salvador daquele mundo. No entanto, ele tinha Jorg Ancrath no caminho, um homem que não pode suportar a ideia de que alguém, que não ele, se torne o imperador. 

Uma coisa tem que ser dita a favor de Jorg é que talvez, se ele não tivesse passado pelo que passou, ele poderia ser tão salvador daquele mundo quanto o príncipe Orrin era, já que mesmo sendo um personagem cruel, Jorg é astuto o bastante para usar as forças que descobre pelo caminho a seu favor e contra os seus inimigos.
O mundo da Centena revela-se como o nosso mundo. Basta olhar o mapa que abre o livro para perceber o formato da Europa. E mesmo que não se leve tal mapa em consideração, podemos perceber isto pelas várias referências feitas ao longo do livro, sendo que o ponto culminante é a conversa com “Fexler Brews” no Castelo Morrow. Na oportunidade, ele faz uma espécie de perfil holográfico de uma pessoa há muito falecida e as suas revelações mil anos após um cataclismo mal explicado (parece que nossos descendentes imediatos acabaram explodindo mil bombas nucleares na superfície do planeta eliminando a civilização que conhecemos) são repletas de seres sobrenaturais e de magia, ambos conjurados pelos homens da ciência que mil anos antes que tentaram mudar um pouquinho a realidade deles.

O acabamento do livro é primoroso! A Editora Darkside Books costuma caprichar nas obras que ela trás ao mercado brasileiro, tanto na escolha dos títulos quanto na apresentação destes ao leitor.

A obra é um exemplo de literatura fantástica que tem invadido as editoras. O autor, Mark Lawrence, acerta a mão ao desenvolver a personalidade psicótica de Jorg e o segundo volume deixa-nos na expectativa do que virá no terceiro e último volume e, apesar de ser realmente um monstro, acabamos por torcer para que Jorg leve a sua vingança violenta contra as forças que manipulam os homens da Centena. Sim, acabamos por torcer para que Jorg se torne, de fato, o Imperador da Centena.
*Este livro foi recebido em razão da parceria com a Darkside Books. 
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