Crítica Edgard Allan Poe

O Corvo, de Edgar Allan Poe

00:00Universo dos Leitores



Sempre tive curiosidade de conhecer Edgar Allan Poe e depois que descobri a edição DESLUMBRANTE lançada recentemente pela Editora Empíreo, não pude resistir: era chegada a hora de finalmente ler um trabalho do mestre do mistério, e nada melhor que começar com um de seus poemas mais famosos: O Corvo. 


 O Corvo é um trágico poema de Edgar Alan Poe que começa em meio à um cenário noturno e uma atmosfera misteriosa no quarto de um homem assustado e com sinais claros de paranoia, assombrado por barulhos vindos da porta.

A falta de respostas para o dilema sobrenatural enfrentado pelo homem provocam uma imensa agonia que o assombrará por toda a história e fará palco para a figura do Corvo que virá em seguida. 

A perda de seu grande amor, Leonore, cria o cenário angustiante que antecede o surgimento da figura mais icônica da história, imortalizada por Poe: O Corvo, que a partir do poema de Edgar passa a ser sinônimo de tragédia anunciada, de proximidade com a morte a também é a figura que repete exaustivamente a expressão "Nevermore", ou "nunca mais". 
'Diante da ave feia e escura,

Naquela rígida postura,

Com o gesto severo - o triste pensamento

Sorriu-me ali por um momento,

E eu disse: "Ó tu que das noturnas plagas

Vens, embora a cabeça nua tragas,

Sem topete, não és ave medrosa,

Dize os teus nomes senhoriais:

Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"

E o Corvo disse: "Nunca mais."'


"Profeta, ou o que quer que sejas!

Ave ou demônio que negrejas!

Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!

Por esse céu que além se estende,

Pelo Deus que ambos adoramos, fala,

Dize a esta alma se é dado inda escutá-la

No Éden celeste a virgem que ela chora

Nestes retiros sepulcrais.

Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

A fala repetida do corvo  provoca paradoxalmente alívio e uma extrema angústia no protagonista que passa a questionar a vida, morte e a própria sanidade. Criador e criatura se fundem na figura do eu lírico que  representa o próprio Poe. 

Se Edgar Allan Poe e seu elogiadíssimo poema O Corvo já eram suficientes para chamar minha atenção, fiquei ainda mais surpresa com o trabalho absurdamente caprichoso da editora Empíreo. 


O acabamento do livro também faz jus à grandiosidade do poema de Poe: o livro possui capa dura, é impresso em papel pólen, conta com as ilustrações de Lupe Vasconcelos, texto original de Edgar Allan Poe, e as traduções de Fernando Pessoa, Machado de Assis e Charles Baudelaire (sendo este o responsável pela versão francesa). Particularmente a versão de Machado de Assis foi a que mais encantou; talvez pela familiaridade com o idioma já que Pessoa traduziu de acordo com o português de Portugal. Entretanto, todas as traduções tem sua importância e contam com a genialidade e o cuidado de seus respectivos tradutores.

O livro conta ainda com um excelente texto de apoio chamado A Filosofia da Composição, onde o próprio Poe descreve seu processo de criação e composição do poema com detalhes de encher os olhos e seduzir qualquer leitor. Estudioso, Poe consegue a proeza de ser ser minuciosamente técnico e ao mesmo tempo absurdamente carismático em seus poemas. O poema é belo, poético, melancólico, misterioso, rítmico e sedutor.  Um ótimo começo para quem nunca leu, ou para os apaixonados pelo trabalho do genial Edgar Allan Poe.                                      
         

"But the Raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only

That one word, as if his soul in that one word he did outpour.

Nothing farther then he uttered—not a feather then he fluttered—

Till I scarcely more than muttered “Other friends have flown before—

On the morrow he will leave me, as my Hopes have flown before.

Then the bird said “Nevermore.”



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                                                                   *Postado por Kellen Pavão




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