Crítica Editora Zahar

Vigilância Líquida, de Zygmunt Bauman

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Zygmunt Bauman é um sociólogo polonês que possui mais de 30 livros publicados no Brasil, todos pela Editora Zahar. Suas obras apresentam reflexões relevantes no que se refere à sociedade pós-moderna: globalização, consumo, instabilidade do amor, individualismo etc.

Criador do conceito de modernidade líquida, ele entende que a sociedade está em constante evolução e mudança, avançando em diversos sentidos, o que causa certa fluidez nos conceitos, atitudes e comportamentos sociais. 

Partindo dessa ideia de liquidez, no seu último livro publicado, Vigilância Líquida, ele trouxe relevantes questionamentos no que se refere à modernização tecnológica e a segurança (ou a falsa sensação de segurança). Por meio de um diálogo entre ele o sociólogo David Lyon, diversos temas foram abordados, entre eles redes sociais, privacidade, exposição, consumo, vigilância, benefícios ou prejuízos da evolução tecnológica, aspectos contraditórios entre liberdade e segurança etc. 
Em alguns momentos, se utilizou do contexto atual ao qual estamos inseridos para fazer relações com antigos estudos de renomados pensadores como Michael Foucault, Bentham, Marx, Engels, e também com obras distópicas de importantes escritores como Aldous Huxley, George Orwell, Yevgeny Zamyatin e Michel Houllebecq. 

De acordo com o entendimento de Bauman, quanto mais a tecnologia evolui, menos liberdade tem o homem, que passa a ser refém de câmeras de vigilância, de um governo autoritário que intervém em todos os meios de comunicação sem se preocupar com questões éticas e de nós mesmos, que nos sucumbimos às estratégias políticas e de marketing, contribuindo com o sistema e nos tornando reféns do mesmo.
A discussão principal é exatamente essa: a tecnologia realmente possibilita maior segurança ou apenas contribui para uma falsa sensação de segurança e felicidade social? Até que ponto somos reféns e até que ponto contribuímos com isso, já que expomos nossa individualidade por vontade própria nas redes sociais?

“Quanto à “morte do anonimato” por cortesia da internet, a história é ligeiramente diferente: submetemos à matança nossos direitos de privacidade por vontade própria. Ou talvez apenas consintamos em perder a privacidade como preço razoável pelas maravilhas oferecidas em troca. (...)”

“Como recentemente observou Josh Rose, diretor de criação digital da agência de publicidade Deutsch LA: “A internet não nos rouba a humanidade, é um reflexo dela. A internet não entra em nós, ela mostra o que está ali.” Como ele está certo. Jamais culpe o mensageiro pelo que você considera ruim na mensagem que ele entregou, mas também não o louve pelo que considera bom.”

A lucidez de Bauman é simplesmente admirável. Não tem como não refletir acerca de suas colocações e mesmo diante das quais não concordamos, conseguimos verificar a profundidade do raciocínio e do estudo prévio que a conclusão demandou. Um pensador moderno, inovador, crítico, que foge aos paradigmas e que não precisa de palavras difíceis para demonstrar o que pensa, afinal, argumentos sólidos se sustentam por si só.

Sobre o escritor:
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logo em seguida emigrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Responsável por uma prodigiosa produção intelectual, recebeu os prêmios Amalfi (em 1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra). Atualmente é professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.


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