Crítica Em busca de uma estrela

Em busca de uma estrela, de Jamie Ford

00:00Universo dos Leitores

William passou a vida ouvindo que sua mãe estava morta. A dolorida frase, que sempre chegava aos seus ouvidos pelas vozes cruéis das freiras do orfanato em que vivia, ao mesmo tempo em que lhe atormentava, lhe soava mentirosa, já que algo em seu coração insistia na ideia de que a mãe estava viva em algum lugar desconhecido.

“- Ver não é acreditar. Sentir é acreditar.” (Charlotte)

Certo dia, ao ouvir sobre a apresentação de uma cantora em um musical, teve certeza de que se tratava da sua mãe. Ansioso e repleto de esperança, resolveu seguir o conselho de Charlotte, sua única amiga, e fugir do orfanato na tentativa de desvendar o mistério da sua vida. William tinha medo da rejeição, mas esse sentimento não era maior que a sua vontade de desvendar os fatos que envolviam o seu passado. 

" - Uma vez - murmurou a menina - a irmã Briganti disse que toda grande história de amor e sacrifício tem uma moral; cabe a nós descobrir a lição escondida nela."

Assim, na companhia da amiga, saiu do tenebroso orfanato na primeira oportunidade que teve e encarou as ruas de Seattle em busca do seu sonho. Acontece que a cidade estava assolada pela Grande Depressão, a pobreza reinava, o preconceito imperava e a polícia era rígida com os menores que aparentavam estar abandonados. 

Apesar de terem enfrentado algumas dificuldades, principalmente pelo fato de que Charlotte era cega, eles conseguiram alcançar o objetivo e encontrar a misteriosa cantora Willow Frost, mãe de Willian (não, isso não é spoiler).

"O teatro era uma fuga e um divertimento - um bem-vindo e festivo alívio da dura e fria realidade lá fora."

Foi exatamente nesse momento que todas as surpresas da obra tiveram início. A partir do emocionante e inesperado encontro, que quando aconteceu me fez questionar “mas já, e agora?”, a história começou a revelar envolventes e dolorosos segredos. 

Partindo para o passado de Willow e em seguida retornando para a vida de Willian, o escritor Jamie Ford conseguiu comprovar o seu talento narrativo por ter construído não foi apenas a história de um encontro entre mãe e filho, mas sim a história de vidas marcadas pelo preconceito, pelo machismo e pela dor. 

"A gente não escolhe os pais - declarou Sunny. - Se escolhesse, alguns de nós prefeririam nunca ter nascido."
Com um cenário bem caracterizado, personagens cativantes (principalmente a querida Charlotte) e uma narrativa agradável e envolvente, o livro permite vivenciar diversas emoções. Não tem como não se sensibilizar com todos os fatos descritos, não sentir ódio das colocações das freiras do orfanato, não ter curiosidade pelas vidas de outras crianças do local e não ter vontade de abraçar Willian e dizer que o mundo não é um lugar tão ruim quanto lhe parecia. 

Vale frisar, também, o final brilhante, inesperado e inesquecível! Quando li a sinopse fiquei interessada, mas o que encontrei no livro foi além de todas as minhas expectativas. Acredito que a história de Jamie Ford poderá tocar até os corações mais duros.

"Pois a verdade incômoda era que ninguém era totalmente mau ou totalmente bom. Nem mães e pais, nem filhos e filhas, nem maridos e mulheres. A vida seria muito mais fácil se fosse assim. Em vez disso, todos - Charlotte, Willow, o senhor Rigg, até a irmã Briganti - eram uma confusa mistura de amor e ódio, alegria e tristeza, saudade e esquecimento, verdade equivocada e doloroso engano."
Ah, destaque para uma frase que não retrata muito sobre a história, mas diz muito sobre nós, leitores apaixonados: "A biblioteca é como uma loja de doces em que tudo é grátis". Lindo, né?

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