Casa da Fantasia Crítica

Filhos do Fim do Mundo, de Fábio M. Barreto

00:00Universo dos Leitores

“Seu filho estava morto. Todas as crianças da maternidade estavam mortas. Todas. Atrás dele, o relógio marcava meia-noite e cinco minutos. A luz verde do calendário eletrônico brilhava com ar fúnebre. Eram os primeiros minutos do fim do mundo.”

Esse parágrafo, que está logo nas primeiras páginas do livro, é a premissa da história criada por Fábio M. Barreto, que pode ser definida em poucas palavras com intensa, eletrizante e brilhante. 

Com um cenário apocalíptico e envolvente, tudo começa em um dia 24 de dezembro, às 00:00 horas. Naquele momento, todas as crianças, árvores e demais seres vivos, com menos de 1 ano de idade morrem sem nenhuma razão aparente. E as crianças nascidas a partir daquele horário já nascem mortas e sem consciência. 

Em meio ao caos causado por essa informação, um Repórter, cuja esposa está grávida, é convocado para cobrir os acontecimentos, contudo diferente do que ele está acostumado, as informações são reduzidas, a internet é bloqueada e as notícias são veiculadas mediante total controle do Governo. 
Viajando por vários locais na tentativa de descobrir a causa da epidemia, tanto para proteger o seu filho que estava para nascer, como salvar o mundo da extinção completa, o Repórter se depara com seres humanos em situações extremas: medo, angústia, desespero, egoísmo, crueldade, violência, humanidade etc. 

As diversas tentativas de encontrar uma resposta são simplesmente desesperadoras e, obviamente, descartas de imediato, causando ainda mais desespero e angústia.

"– É o Apocalipse! – comentou uma delas em voz mais alta. – As crianças foram arrebatadas e os fiéis serão os próximos! Precisamos ter fé! Deus escolheu nossa cidade para mostrar ao mundo que Jesus vai voltar! Somos abençoados!"
Quando uma possível solução é descoberta, embates políticos e sociais são colocados em xeque e a responsabilidade recai sobre o Repórter, que precisa escolher entre salvar a família ou salvar o mundo. 

A narrativa de Barreto e ágil e capta a atenção do leitor logo na primeira página. O misto de realidade e fantasia está presente na história o tempo inteiro, tornando tudo completamente envolvente e até mesmo comovente.

"O Repórter sorriu. Vislumbrou esperança em sua busca mesmo perante a onda de desespero contra a qual lutava. Por mais ínfima que fosse, essa luz no fim do fosso provocou um sorriso. Ele queria acreditar. Acima de tudo, ele queria acreditar."
É interessante destacar que na tentativa de demonstrar que todos os seres humanos são frágeis e iguais, bem como deixar a sensação de que o caos pode surgir a qualquer momento, o escritor não determinou o período de tempo no qual a história se passa e não deu um nome específico para nenhum dos personagens, que foram identificados de forma genérica: Repórter, Diretor, Chefe, Esposa, Padre etc. 

Com inspirações em alguns clássicos da literatura como por exemplo, o livro As Intermitências da Morte, de José Saramago, mas com pontos de vista inovadores e diferenciados, esse livro é inteligente, crítico e reflexivo. Traz uma mensagem de fé e de esperança.

Um excelente livro para os fãs de ficção. Um excelente título para os que quiserem conhecer melhor a literatura nacional atual.

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