A Balada de Adam Henry Cia das Letras

A Balada de Adam Henry, de Ian McEwan

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Praticamente todos os dias nós ligamos a televisão e nos deparamos com decisões dos Poder Judiciário que são responsáveis por mudar o rumo da vida pessoas. Sentenças que condenam a vários anos de prisão, que determinam com quem ficará a guarda de uma criança, que decidem quem tem direito a um bem etc. Muitas vezes, não conseguimos compreender o peso que uma decisão pode representar para aquele que decide: o Juiz ou a Juíza. Muitas vezes nós esquecemos que aquela pessoa atrás da mesa também tem família, também precisa de vida social, também comete erros e claro, também possui sentimentos e conflitos.

É exatamente sobre isso que esse livro fala! Com uma linguagem direta e envolvente, a obra narra a vida de Fiona, uma especialista em direito de família, que tem um cargo em Tribunal Superior e é reconhecida pela sua integridade e compromisso com o trabalho. Acontece que aos 60 anos de idade ela vê o seu casamento desmoronar e sofre com o fato de nunca ter dedicado um tempo para a maternidade.  Enquanto o trabalho exige toda a sua energia e todo o seu esforço, ela sofre com conflitos pessoais e repensa as escolhas que fez ao longo da sua trajetória.
O interessante do livro é que ele aborda os sentimentos pessoais e profissionais de Fiona, demonstrando claramente o quanto os seres humanos são complexos. A mulher forte e segura dos Tribunais é a mesma mulher carente e insegura dentro de casa. A mulher que aparece perante os réus com tanta frieza é a mesma que passa horas diante de uma cadeira tentando ser justa e correta. Decidir a vida dos outros não é uma tarefa fácil, afinal, uma sentença pode salvar ou acabar com a vida de alguém. Mas muitas vezes, decidir a própria vida é ainda mais difícil... 
Vale ressaltar que apesar de ter como plano de fundo um Tribunal e um caso interessantíssimo que envolve um menor que precisa de transfusão de sangue, mas que não quer realizá-la por questões religiosas, esse não é um livro para os estudiosos do direito. Trata-se de um romance sensível, comovente e inteligente, que nos permite refletir sobre o peso das nossas escolhas e sobre o quanto elas podem intervir na vida daqueles que amamos.

Esse foi o meu primeiro contato com o escritor Ian McEwan, mas gostei muito do que eu encontrei e pretendo ler outras obras dele.






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