Adelina Barbosa Crítica

Triângulo de 4 lados, de Adelina Barbosa e Fernanda Medeiros

00:00Angélica Pina

Sara Alcântara é uma adolescente de 17 anos que mora em Santa Fé, Minas Gerais, pretende fazer faculdade de Artes Plásticas, pois ama pintar, tem um irmão, duas grandes amigas e uma paixão platônica por Rodrigo, seu primo mais velho. 

Ele tem 25 anos, toca guitarra em uma banda, tem um corpo sarado e tatuado, o que facilita para que ele consiga muitas mulheres e, o pior, vê Sara apenas como sua priminha com quem conviveu desde criança. 

Seu meio irmão, Brent, nasceu nos Estados Unidos, mas depois foi morar também na cidade do interior de Minas, onde seu pai e o pai de Sara têm seus negócios. Ele é calado, fechado, às vezes até frio, e o detalhe maior é que é apaixonado pela prima.

“Acontecia que minha paixão platônica por Rodrigo se equivalia à paixão platônica de Brent por mim, com a diferença de que Rodrigo não conhecia meus sentimentos por ele, mas eu conhecia os de Brent.”
Quando Rodrigo finalmente percebe que pode acontecer algo entre eles, ele beija Sara e ela sente que seu maior sonho se realizou. 

O primo acha que ainda não é o momento de eles assumirem um relacionamento, pois teme que as famílias não gostem da ideia, mas eles têm alguns encontros românticos que deixam Sara radiante. Porém, como nada é perfeito, pouco tempo depois a garota parte para Paris, onde fica as férias inteiras.

Quando retorna, muitas coisas mudaram com Rodrigo e com Brent. Além disso, Matheus, o vocalista da banda de Rodrigo, um moço agradável e dono de um lindo sorriso com covinhas, resolve entrar na jogada e investir na garota que tanto ouve os dois amigos falando sempre. 

Seria mais fácil para Sara gostar de alguém como ele, mas seu coração adolescente ainda precisa aprender algumas coisas antes de ser capaz de facilitar sua vida.

“- E tem você.
- Eu não estou aí. – Ele parecia resoluto. Sentei-me na cama e segurei as 
pontas dos dedos, umas nas outras, nervosa.
- Pois eu vejo você como um lado desse triângulo.
- Que idiotice, Sara. Não existe triângulo de quatro lados. – Ele calou-se por um momento e franziu o espaço entre as sobrancelhas, como se compreendesse o que eu queria dizer.”
O primeiro livro das autoras Adelina Barbosa e Fernanda Medeiros tem vários narradores. Os capítulos narrados por Sara são em maior número, mas alguns possuem o ponto de vista de Rodrigo, outros de Brent, outros de Matheus. 

Os personagens são muito bem construídos, cada um com características marcantes e que permitem que o leitor acabe escolhendo o seu preferido nessa “disputa” pelo coração de Sara. 

Ainda tem João, o irmão mais velho de Sara e suas amigas Lúcia e Vanessa, que são ótimos coadjuvantes. 

A protagonista em alguns momentos demonstra ser insegura, indecisa e parece não enxergar o óbvio, mas isso é completamente aceitável para alguém da sua idade e na situação em que se encontra. Não vou me estender sobre os rapazes para não influenciar ninguém, mas desde o início tive o meu “queridinho” na história e não simpatizei muito com outro.

“Eu não precisava de nada além disso para saber quem portava a verdade em seu olhar. Não necessitava de nenhuma grande e galanteadora declaração de amor, porque palavras poéticas eram fáceis para um artista astuto. A segurança de uma atitude revelava muito mais do que meia dúzia de frases feitas.”
A escrita de Triângulo de 4 lados é muito gostosa, o vocabulário é rico, as palavras transmitem muita emoção e acho impossível não se envolver com os personagens. 

Devorei o livro rapidamente, pois estava muito curiosa para saber o que aconteceria e preciso dizer que quando acabei fiquei arrasada! Não podia acabar daquela forma! Procurei logo uma das autoras para perguntar que final foi aquele e a resposta que recebi: ainda não acabou, terá outro livro com a sequência. Ufa!

O livro foi lançado recentemente pela D’Plácido editora e é mais uma prova de que muitos jovens autores brasileiros têm talento de sobra! Recomendo a leitura!

“A única pessoa para a qual eu já falei algo parecido foi Sara. E não pretendia dizer a outra pessoa. Nem para minha mãe eu falava essas coisas. Não conseguia entender a facilidade de dizer tais palavras. Era algo tão pessoal, tão íntimo. Amar é tão sério. Emprestar seu coração para um sentimento que pode te fazer doente ou extasiado era tão perigoso. Tão... Único.”



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