Cem Anos de Solidão Crítica

Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez

00:00Universo dos Leitores

Meu primeiro contanto com a escrita de Gabriel García Marquez foi com o livro Memórias de Minhas Putas Tristes. Sem dúvida eu comecei da melhor forma possível, já que quando fechei a última página senti apenas uma coisa: vontade de conhecer toda a obra do Gabo, como é comumente chamado esse grande escritor. 

Passei então para Doze Contos Peregrinos, Relato de um Náufrago, Crônica de uma Morte Anunciada e assim por diante. De repente, me deparei com O Amor nos Tempos de Cólera, que é simplesmente indescritível. Depois de tantos títulos, chegou o momento de ler Cem Anos de Solidão, considerado a obra prima do escritor e um dos livros mais importantes da literatura latino-americana. 

As expectativas eram tão grandes que por vezes eu senti medo de ler a história e não me emocionar como todos diziam que aconteceria. Mas depois que terminei a leitura, o que aconteceu em outubro do ano passado, eu só tenho uma coisa a dizer: leiam! Debrucem-se sobre cada uma dessas páginas, apaixonem-se por cada um dos personagens, vivam o dia-a-dia de Macondo (a cidade fictícia que serve de cenário para a narrativa), emocionem-se, reflitam sobre a essência dos seres humanos e apaixonem-se pela história que considero uma das mais humanas, sensíveis e fantásticas que eu já tive a oportunidade de ler. 

Eu digo, sem medo de errar, que agora eu tenho um livro preferido. Tão preferido que não encontro palavras para falar sobre ele. E olha que tem aproximadamente 10 meses que eu estou tentando...  

"Tudo é questão de despertar a alma."
A narrativa começa quando José Arcádio Buendia sai da sua cidade natal com a esposa e os filhos e, após uma longa viagem, decide estabelecer moradia em um local deserto e distante de tudo. É assim, sem muitas possibilidades e recursos, mas sempre com sonhos e esperanças, que ele funda Macondo, a cidade sem futuro que será o plano de fundo para essa trajetória que dura cem anos, como o próprio título do livro indica.

Enquanto os seus filhos crescem, as dificuldades vão surgindo e a cidade, ao mesmo tempo em que começa a desenvoler, se afunda em mais pobreza e mais miséria. Fatos misteriosos começam a ocorrer, períodos de secas intermináveis se alternam com períodos de chuvas que não cessam, igrejas passam a ser construídas, o comércio surge lentamente, epidemias de insônia atingem a população, guerras são vencidas e perdidas, e muita gente nasce enquanto tantas outras morrem. 

Por meio de acontecimentos fantásticos e talvez impossíveis, o escritor critica a nossa sociedade e nos coloca diante de problemas que enfrentamos diariamente. O interessante é que a narrativa, ao mesmo tempo em que é forte e cruel, é humana, sensível, emocionante e mágica. Vários elementos se misturam e permitem que o leitor reaja das mais variadas formas, vivencie diversos sentimentos e se encante com os pequenos detalhes do cotidiano. Nesse livro tem de tudo: drama, humor, suspense, mistério, romance, aventura e muito mais...

"... a história da família era uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que teria continuado dando voltas até a eternidade, se não fosse o desgaste progressivo e irremediável do eixo."
Além da narrativa em si, a construção dos personagens também chama atenção na obra. É um ponto forte, por sinal. Todos são sólidos, complexos, completos e repletos de incertezas e medos. Apesar do inevitável destaque dado ao José Arcádio e à Úrsula, a sua esposa, nenhum personagem apenas passa pela história. Todos, sem exceção, aparecem para deixar uma mensagem, uma lição, um sentimento ou, ainda, uma lembrança daquilo que não queremos ser.

Ah, quantas vezes eu me vi nas loucuras sonhadoras do  visionário José Arcádio, quantas vezes eu o perdoei e quantas chorei por ele (ou com ele). Com Jussara, a mesma coisa... É impossível não se emocionar diante dessa personagem que, possivelmente, é uma das mais fortes que eu já encontrei nos livros. Uma personagem inteira, que representa muito bem o universo feminino: força, sensibilidade, amor, doação, fé, compreensão e coragem.  

O interessante é que quanto mais envolvente fica o livro, mais dúvidas aparecem em relação ao seu possível final. Qual o destino de Macondo e dos seus moradores? Como será o desfecho dessa narrativa de cem anos? Questionamentos não param de surgir, contudo, Gabo sabiamente escolhe Melquíades, um personagem misterioso que se mostra importante ao longo da história, e por meio dele  responde às nossas perguntas de forma surpreendente, poética, fantástica e inesquecível. Um final digno de aplausos. 

Abrir esse livro é descobrir toda a mágica da literatura... É conhecer um universo novo, é se encantar ao virar cada página, é não querer que a história termine. Abrir esse livro é mergulhar em uma narrativa incomparável, que valoriza a linguagem, as metáforas e o impossível. É conhecer o melhor de Gabriel García Márquez. 
Gostou? Compre aqui: Saraiva ou Submarino



You Might Also Like

1 comentários

  1. Li o livro com atenção, mas não consegui as respostas para esta pergunta: quem são “o tataraneto do filho de imigrantes espanhóis que se casou com a tataraneta do aragonês”?

    ResponderExcluir

Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...

Acompanhe nosso Twitter

Formulário de contato