Cesar Bravo Darkside Books

Entrevista com Cesar Bravo, o mais novo escritor da DarkSide Books

00:00Universo dos Leitores

Recentemente fomos convidadas a participar da maravilhosa festa de lançamentos de 2016 da DarkSide Books, e dentre incontáveis novidades sangrentas, horripilantes e sociopatas da editora que mais aposta no escuro estava a apresentação de novos escritores que farão parte do time DarkSide a partir de agora.

Um desses escritores é o Cesar Bravo, a quem tivemos a oportunidade de conhecer pouco antes do anúncio da DarkSide. Simpático, Bravo nos falou sobre seu livro, seu trabalho como escritor e sobre a sua admiração pelo trabalho da DarkSide Books.

Hoje, trazemos pra vocês uma entrevista exclusiva, onde o escritor fala sobre sua carreira, suas influências e claro, sobre suas expectativas neste novo (e sombrio) caminho com a DarkSide Books. Confiram! 


1- Primeiramente gostaríamos de saber um pouco mais sobre sua carreira e sobre a sua experiência como escritor de suspense e terror.


Olá, meninas! Bem, antes de começarmos, gostaria de agradecer pela oportunidade de mostrar um pouquinho sobre meu trabalho e meu ingresso nesse mundo fantástico. Espero que vocês e seus leitores gostem tanto quanto eu desse nosso bate-papo (ou bate-teclas).

Meu começo como escritor de horror aconteceu bem cedo, creio que era algo imerso em minha personalidade. Sempre gostei do tema, seja em livros, filmes, na arte em geral. Comecei a me dedicar para valer (e a ter fé que conseguiria meu espaço) em meados de 2011 — com um empurrãozinho da minha esposa, que frequentemente sabe mais de mim que eu mesmo. Antes disso, eu costumava escrever e rasgar meus textos — e não creio que o mundo tenha perdido muita coisa nessa fase.

Minhas primeiras publicações físicas foram na revista “Flores do mal”, da editora CLAE, e não se limitavam ao horror. Aprendi muito nessa fase, o CLAE foi fundamental no meu processo de escrita. Minha primeira incursão publicada no gênerohorror veio graças ao editor Alexandre Durigon (na época, trabalhando pela Multifoco editora). O Alexandre (também conhecido como Afobório) organizava várias antologias e eu acabei passando pelo seu crivo e sendo publicado. Ganhei reconhecimento e novas propostas depois disso, e então decidi mostrar meu trabalho na Amazon. Publiquei antologias e romances, alguns com centenas de exemplares vendidos de forma independente, e desde então estou na cena. Também tive a inestimável ajuda de Rafa Michalski do “Biblioteca do Terror”; graças a ele ganhei muita visibilidade com meu público alvo. Digo o mesmo sobre os “Booktubers do terror”, que me proporcionaram meu primeiro hangout na rede. Em 2013 também fui premiado no concurso Fnac/Novo Século “Novos Talentos da Literatura”. Em 2015 participei da Bienal do livro, no Rio de Janeiro, como convidado da Darkside. De lá para cá, foram novos e queridos parceiros, e conquistas.

2- Quais são seus autores de referência e suas principais influências no terror e suspense?

Eu tenho dois nortes literários, e creio que isso seja imutável. Stephen King com seu coração de menino e Clive Barker, com seu sangue e paixão. Dos clássicos, sou devoto de Edgar Alan Poe, Lovecraft e Alfred Hitchcock. Em outras mídias sofro influência de quase tudo, e mais intensamente de filmes de horror produzidos, principalmente, entre 1970-1990.


3- Qual livro você acha que não pode faltar na cabeceira de qualquer fã de terror?

Essa é complicada. Como sou um adorador de contos, eu deixaria um exemplar de “Sombras da noite” de Stephen King. Admiro vários autores e livros, mas a crueza e a espontaneidade de Sombras da Noite ainda me seduzem. Ao lado dele, deixaria a coleção “Livros de Sangue” de Clive Barker e uma Bíblia aberta em Deuteronômio.

4- Dentre os livros que você já publicou, existe algum que seja seu favorito?

Em alguns momentos existe, sobretudo quando estou conversando com os leitores. Então me apanho pensando que subestimei um livro que, no fundo, é o melhor trabalho. Mas logo mudo de ideia. Livros são como filhos, amamos até suas imperfeições. Tenho um carinho muito especial por “Além da Carne”, por ter conseguido criar algo muito diferente do que costumava ler no Brasil. Mas gosto de todos, principalmente de alguns contos.
Livro Além da Carne, de Cesar Bravo.
 Foto: Projeto Vórtice Fantástico


5- Você já publicou vários livros através da internet como Navio Negreiro, Além da Carne e Caverna de Ossos. Quais são as maiores dificuldades enfrentadas por um escritor independente na sua opinião? 

Acredito que o mais difícil é convencer alguém a ler seu trabalho. Existem escritores talentosos em todos os cantos, em várias plataformas. Quando você transfere um romance para um site (ou o transcreve em um livro físico), é como experimentar a nudez em público. Você nunca sabe o que vai acontecer, mas vai se sentir ridículo muitas vezes. O que muda com o tempo é que as pessoas começam a gostar do que você escreveu, começam a te procurar nas redes sociais, então você diz a si mesmo: “Ei, eu tenho alguma coisa aqui! Bingo!”

Outro ponto crítico é o de se dedicar exaustivamente para receber bem pouco. Digo, você ama escrever e criar e ficar imerso em seus universos particulares, mas ainda assim precisa de uma ocupação rentável para ter uma vida digna. Creio que essa dualidade seja o primeiro grande obstáculo para um escritor brasileiro.

6- Você acha que o suspense e o terror estão ganhando mais espaço no Brasil?

Tenho acompanhado esse processo há algum tempo. Ele se tornou bem mais intenso em 2013. De lá para cá, acompanhei vários escritores apostando em seus trabalhos. O mesmo aconteceu com os leitores. Eu não vou dizer aqui, que o Brasil se tornou uma pátria leitora, mas certamente nós evoluímos duas décadas em três anos. Hoje, em uma busca rápida na WEB, você vai localizar pelo menos seis ou sete novos escritores de horror. Os sites e blogs dedicados ao tema — e aqui incluo filmes, seriados e eventos—, nem preciso falar. O que tem me decepcionado um pouco são os filmes, faz tempo que não sinto o bom e velho calafrio na espinha (e não que isso afete o número de ingressos vendidos, essa parte só aumenta).
Livro Calafrios da Noite, de Cesar Bravo
Foto: Projeto Vórtice Fantástico


7- O terror e o suspense muitas vezes exigem uma pesquisa aprofundada sobre vários assuntos como anatomia e direito penal por exemplo. Como funciona seu processo criativo (pesquisas, estudos, etc) e quais temas você estuda com maior frequência para a criação de suas histórias?

Meu processo de criação é disciplina oriental, eu escrevo todos os dias, dou a profissão de escritor o respeito que ela merece. Sem essa rotina, me desligo das histórias e isso é o fim da linha.

Sobre as pesquisas, é uma loucura... Bem, quando eu comecei a escrever não pensei que estudaria Tanatopraxia e Direito, menos ainda noções de psicologia e o incrível mundo dos exorcistas.Sempre que tenho chance, tento falar com profissionais das diferentes áreas. Há pouco tempo, uma obra me apresentoua um coveiro, conversamos por vários dias, foi mágico. Ultimamente estou falando com advogados — e não, eu não estou no banco dos réus...

Minhas principais pesquisas se referem a ocultismo, lendas urbanas, também mitologia e folclore. Meu material quase sempre disserta sobre o “outro lado”, então creio que seja naturalpesquisar sobre o tema (mas não estou certo disso, não quando as luzes se apagam e o mundo fica silencioso).

8- Você já se inspirou em alguma pessoa da vida real para a composição de personagens?

Várias vezes. Mas um personagemnunca é a cópia exata de um ser humano, isso não funciona. O que capto e uso são traços físicos, maneirismos, trejeitos, o que mais me salta aos olhos quando encontro uma pessoa. Já tive personagens que nasceram de alguém que vi em um relance. Outros vêm de laços mais próximos, até de mim mesmo. Mas personagens são espécies diferentes. O que eles sentem, agem, vibram é muito mais complexo e mágico do que se imagina.

9- Como você se sentiu ao ser convidado para lançar um livro pela DarksideBooks? Como ocorreram os primeiros contatos entre vocês?

Jesus! Como eu me senti? Com o coração na goela seria uma boa resposta. Fiquei muito contente, sobretudo porque confio na Darkside. Entenda, se você vai entrar nesse mercado, é melhor ter boa companhia, ainda mais quando seus personagens principais são demônios, corpos deformados e pessoas de moral duvidosa.

Nosso primeiro contato foi por e-mail e através do Facebook. Eu sempre estive cortejando a Dark, desde o comecinho da editora, mas sabe como é... Quem era eu? Com o tempo (e alguns trabalhos enviados)esse o cortejo se concretizou emuma nova amizade. Um belo dia eu recebi um e-mail empolgante e meu telefone tocou. Então nos acertamos de vez.

10 -Quais são as suas expectativas ao lançar seu primeiro livro pela editora que mais aposta no terror?

Como eu disse em algum lugar onde crânios bovinos me encaravam com seus olhos escavados nos ossos: “A Darkside tem colhões”. Isso significa que estou completamente confiante no que vem por aí. Sei que tenho o melhor designer do mercado, a equipe mais coesa e competente, pessoas que vivenciam um sonho em conjunto e fazem a diferença na realidade do mundo. Se algo é mais perfeito que isso, alguém me acorde! A Darkside tem muito cuidado com as pessoas. Leitores, fãs, escritores, todos são da família, e eu agora faço parte dela.

Creio que seja melhor eu parar de falar, antes que essa conversa se torne um romance (e cheio de,arrrght, spoilers). Meninas, agradeço novamente a oportunidade de falar um pouco sobre o meu trabalho e peço a vocês e aos seus leitores que aguardem com um sorriso aberto — logo teremos novidades insanas!

Espero que tenham gostado da entrevista! Até a próxima!


                                                                          

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