A Cidade do Sol Destaque

A Cidade do Sol, de Khaled Hosseini

13:39Kellen Pavão


Foto: Divulgação



"Só há uma coisa na vida que precisamos aprender, e ninguém ensina isso nas escolas. A capacidade de suportar."

"A Cidade do Sol" é um romance de Khaled Hosseini que retrata a vida de duas mulheres afegãs, tendo como pano de fundo o contexto social que levou a completa opressão e supressão de direitos das mulheres no país.  A história, protagonizada por Mariam e Laila, revela sobretudo o peso de ser uma mulher afegã durante o surgimento, avanço e domínio do Talibã no Afeganistão. 

Estas mulheres, que tiveram uma criação bem distinta, viram suas vidas entrelaçadas enquanto o Afeganistão caminhava para o fundamentalismo em meio a inúmeros conflitos políticos, sociais e religiosos.


"Com o passar do tempo, foi aos poucos se cansando desse exercício. Começou a achar cada vez mais exaustivas essas tentativas de evocar, de desenterrar, de ressuscitar mais uma vez o que há muito tinha morrido. Na verdade, anos mais tarde, chegaria o dia em que Laila não choraria mais por essa perda. Ao menosda, não tanto, não tão constantemente. Chegaria o dia em que os detalhes daquele rosto começariam a escapar às garras da memória."

Mariam cresceu tendo que lidar com a rejeição do pai e com as verdades duras e cruéis ditas por sua mãe, o que a levou a se casar ainda bem jovem com um viúvo amargurado, que inicialmente era amável mas começou a maltratá-la quando percebeu que ela não engravidava, culpando-a. Ele passou a maltratá-la e a submetê-la a torturas físicas e humilhações diárias.

Laila, a outra personagem central desta história é uma adolescente cheia de sonhos, que foi criada em um lar acolhedor, com pais que sempre estimularam sua independência e sua educação, mas viu sua vida desmoronar ao perder sua família em um bombardeio. A jovem se viu perdida e grávida do namorado adolescente exilado. Diante da falta de perspectivas, Laila aceita a proposta de Rashid, esposo de Mariam para se tornar a segunda esposa do ex viúvo. 


"Com o passar do tempo, foi aos poucos se cansando desse exercício. Começou a achar cada vez mais exaustivas essas tentativas de evocar, de desenterrar, de ressuscitar mais uma vez o que há muito tinha morrido. Na verdade, anos mais tarde, chegaria o dia em que Laila não choraria mais por essa perda. Ao menos, não tanto, não tão constantemente. Chegaria o dia em que os detalhes daquele rosto começariam a escapar às garras da memória."

Estas mulheres tiveram suas vozes silenciadas e sua liberdade suprimida. E as mudanças culturais, religiosas e políticas resultantes do avanço e da dominação do Talibã intensificaram a opressão e a submissão destas mulheres a um modelo social em que elas não tinham igualdade de direitos.


"No verão, Cabul foi tomada pela febre do Titanic. As pessoas contrabandeavam cópias piratas do filme do Paquistão. Depois do toque de recolher, todos trancavam as casas, apagavam as luzes, baixavam ao máximo o volume das televisões e voltavam a chorar por Jack, Rose e os demais passageiros do navio que naufragou. (...) Vendedores desciam ao leito ressecado do rio Cabul. Em pouco tempo, era possível comprar ali tapetes e roupas Titanic, que enchiam carrinhos de mão. Havia desodorante Titanic, pasta de dentes Titanic, perfume Titanic e até uma burca Titanic."

As páginas escritas por Khaled Hosseini são repletas de emoção, em uma leitura intensa, dramática e envolvente. Assim como em "O Caçador de Pipas", Hosseini nos emociona e traz à tona todos os tipos de sentimento: revolta, tristeza, comoção e um sabor amargo de injustiça em cada humilhação, em cada agressão, em cada silenciamento. 

Mas também é importante frisar que é impossível não se emocionar com a força destas mulheres, que resistem dia após dia e se unem na dor e na dificuldade. Uma história forte e comovente.

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