A história não contada do Motörhead Crítica

A história não contada do Motörhead, por Joel Mclver

00:00Universo dos Leitores


Muitos conhecidos, colegas e amigos olham para mim e definitivamente não me veem como uma roqueira. Bom, eu não sou o “estereótipo” clássico de roqueiros, aqueles que nossos pais agem como se fosse um filme de “terror”. Raramente estou vestida de preto, não uso coturno, não tenho o corpo coberto por tatuagens (mesmo sendo um sonho fazer mais e mais tatuagens) e não tenho piercing em lugares estrategicamente “rock and roll”. Já querendo estragar o pré-conceito estabelecido pela sociedade, mas meus caros leitores e amigos, o mais roqueiro de todos os tempos não tem o corpo fechado por tatuagens macabras, não tem mais piercings do que pele no rosto e usa um chapéu de cowboy. Eu estou falando do senhor Ian Fraiser Kilmister, popularmente conhecido como Lemmy.
Esse vocalista com uma feição rabugenta, uma verruga (enorme) na bochecha, um chapéu de cowboy e costeletas incríveis é o fundador da banda de rock inglesa Motörhead. Se essa pequena descrição generalizada desse astro já deixou você curioso para saber mais sobre esse ícone, eu aconselho que aumente essa curiosidade sobre quem é Lemmy, pois ele um homem com várias ‘cartas na manga’ e está sempre surpreendendo quando menos se imagina, inclusive sobre o seu nascimento no ano de 1945, no boom da 2° Guerra Mundial. Dono de uma atitude rebelde saiba que ele nasceu na véspera de natal, bem no dia 24 de dezembro em Staffordshire, Inglaterra. Abandonado pelo pai ainda bebê, Lemmy sempre teve o apoio da mãe para viver intensamente a música.

Em “A História Não Contada do Motörhead”, do jornalista e escritor britânico Joel Mclver, você encontrará a história de Lemmy envolvida a história da banda como se ambos fossem um só; a minha opinião é objetiva: não existiria Motörhead sem Lemmy, muito menos Lemmy sem Motörhead. Joel deixa explícito para o leitor como o amor pela música é a alma e essência do frontman, quem diria que o Sr. Kilmister seria um apaixonado por Beatles? Eu não diria, mas sim ele era; e os Beatles ajudaram a florescer em suas veias a paixão pelo rock. 
É também muito detalhada a discografia da banda e como foi à produção de cada álbum. O livro tem muitos momentos sobre a produção musical, suas inspirações, músicas de sucesso e o que estava por trás de toda a loucura do Motörhead durante a criação dos álbuns, eu ainda não defini se isso é ótimo ou se é um pouco cansativo. Ao mesmo tempo em que eu quero saber tudo sobre os discos da banda, eu também queria o dobro das histórias malucas que cada membro tem para contar.

Uma imagem personificada do que é o rock and roll, Lemmy passou por inúmeras bandas de rock, por alguns instrumentos que não se identificou e foi roadie de nada mais nada menos que Jimi Hendrix – isso mesmo meus queridos leitores, Lemmy conviveu com a lenda das guitarras, o melhor de todos os tempos, o Rei Jimi Hendrix e tem muita história para contar. 

O vocalista sempre soube que a música seria seu destino, e depois de muito procurar uma banda em que se encaixaria ele resolveu criar sua própria banda e fazer-se encaixar seu som ao seu sonho. Assim nasce Motörhead, com o intuito de irritar todos os pais do mundo e para alfinetar sua última banda, HawkWind, da qual foi demitido por uso excessivo de drogas. O nome “Motörhead” também é uma alfinetada aos Hawkwind, ‘motorhead’ é o nome da última música que Lemmy compôs para eles e o acento de trema no segundo “o” foi por puro capricho.
Foi a partir de 1977 que a banda enfim engrenou e gravou seu primeiro álbum de estúdio, época de uma das formações mais conhecidas do Motörhead com Eddie Clarke, Phil "Philthy Animal" Taylor e Lemmy Kilmister, entretanto a formação não durou muito tempo e o grupo passou por muitas transformações em seu clã, apenas o vocalista permaneceu inabalável. Motörhead se tornou referência por sua música pesada e veloz, que influenciou a maioria das bandas de heavy, thrash metal e punk rock que hoje conhecemos.

Dentre tantas coisas fascinantes em Lemmy, sua originalidade lidera o ranking. Ele é um homem simples e prático, sabe argumentar sobre o que acredita e vê importância no diálogo. Um leitor ávido por conhecimento, ele não frequentou a escola por muito tempo, e também não era um aluno exemplar, mas é fascinado pela história e devora livro atrás de livro sobre tudo que aconteceu no mundo. Apaixonado por histórias de guerras, ele é colecionador de itens e artefatos da história da 2º guerra mundial, mas o vocalista/baixista deixa claro que não é colecionador de materiais da cultura nazista, e sim dos países do chamado Eixo da guerra, de artefatos usados nos confrontos. A verdade é que Lemmy está com a mentalidade sempre a nossa frente, nós estamos no século XXI, ele provavelmente já chegou no XXII. 
Nos anos 90 ele se tornou o ‘objetivo’ de entrevista de todo jornalista com sua espontaneidade, sua opinião forte e muitas histórias bizarras na bagagem. Nós agradecemos a todos esses jornalistas que juntaram tantas boas histórias para as próximas gerações saberem quem foi Lemmy Kilmister e o que foi/é o Motörhead. Algumas dessas “peripécias” que foram encaradas pela banda e seus integrantes são contadas no livro, e para dar ainda mais intimidade a narrativa, tem depoimentos dos membros participantes dos acontecimentos. Entretanto, se eu pudesse escolher iria desejar o triplo de histórias.

Muitas entrevistas, muitas opiniões e uma cronologia excelente, ajudam ao leitor a se situar na época correta do fato, e consegue acompanhar a luta enfrentada pelo trio em busca do reconhecimento mundial a sua música. Demorou muito, mas esse reconhecimento chegou; hoje Lemmy Kilmister é adorado pelos seus fãs por sua postura roqueira, opinião coerente, sua linguagem simples na qual é acessível a todos, seu estilo de tocar, timbre de voz marcante e sua aparência desleixada. 
No auge dos seus 68 anos, o frontman é um mito, uma lenda, um personagem vitalício no hall do Rock. Respeitado por todos, amado por muitos, odiado por alguns, Ian Fraiser Kilmister mudou a história da música, da cultura e do comportamento jovem, sorte nossa que ainda temos a oportunidade de assistir (mesmo que pela TV) as performances e entrevistas desse gênio rebelde. 

"Tudo começou por causa de um espírito de rebeldia cego, alegre e estúpido, e é assim que deveria ser". – Opinião de Lemmy sobre a essência do Rock N' Roll.




























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