Crítica Editora 34

Felicidade Conjugal, de Lev Tolstói

00:00Universo dos Leitores

Publicado no ano de 1859 e fugindo às temáticas normalmente abordadas por Lev Tolstói, o livro Felicidade Conjugal fala sobre o amor e todas as suas fases: encantamento, consolidação, confirmação, rotina e declínio.

Na primeira parte da história conhecemos Mária Aleksândrovna, uma jovem linda e repleta de vida que se apaixona por Sierguiéi Mikháilitch, um homem maduro que administra os bens da sua família e lhe trata com muito respeito e uma atenção diferenciada. 

Acontece que mesmo tendo a consciência de que o sentimento é recíproco, ela não sabe o que fazer com ele. Certo dia, contudo, Sierguiéi decide sair da cidade e, em uma conversa, eles percebem que fugir não é a melhor escolha para aquela situação. Eles precisam, na verdade (e o quanto antes), viver aquele amor intenso. 

"Queria dizer-me algo, mas não conseguia, e o seu rosto abrasava-se cada vez mais. Todavia, ao olhar-me, sorriu. Sorri também. Todo o seu rosto brilhou de alegria. Ele não era mais um velho tio, que me acarinhara e me orientara, era uma pessoa igual a mim, que me amava e me temia e a quem eu também temia e amava. Não dissemos nada e apenas ficamos olhando-nos."

É nesse momento que começa a segunda parte da história. Nela, Tolstói descreve com maestria o casamento, o convívio do casal, a relação com as famílias, as necessidades de ambos e as razões pelas quais todo aquele sentimento chega ao fim.
Por meio de uma linguagem simples e delicada, por vezes poética e sempre muito sincera, nós conhecemos uma personagem que representa muito bem o universo feminino. Ela ama, quer viver o amor, mas sempre espera mais: mais liberdade, mais companhia, mais compreensão, mais aventuras...

No caso de Mária, a rotina da vida a dois e os pensamentos e opiniões divergentes levam ao fim de um sentimento lindo, que surgiu com promessas de nunca se acabar.   

“Pela primeira vez, lembrei vivamente nossos primeiros tempos na aldeia, os nossos projetos, pela primeira vez surgiu-me na cabeça a pergunta: quais foram, afinal, as alegrias dele no decorrer de todo esse tempo? E me senti culpada perante ele. ‘Mas por que ele não me deteve, por que foi insincero comigo, por que evitou explicações, por que me ofendeu? - perguntei a mim mesma – Por que não utilizou sobre mim o poderio do seu amor? Ou não me amava’?”

Mas não é só o ponto de vista dela que tem destaque na obra. Sierguiéi também se posiciona, se impõe e discorre às vezes com reservas, outras sem, sobre os seus medos e sobre as razões que o levaram a perceber que aquele relacionamento tão sonhado simplesmente não fazia mais sentido. 

“Eu lamento, eu choro aquele amor passado, que não existe nem pode existir mais. Quem é culpado disso? Não sei. Sobrou o amor, mas não aquele, sobrou o seu lugar, mas o amor ficou totalmente dolorido, não tem mais força nem suculência, ficaram as recordações e a gratidão, mas”...
Esse é um livro humano e sensível, que fala com profundidade e beleza sobre um sentimento tão natural e, ao mesmo tempo, tão complexo. Um sentimento que faz parte da nossa essência, mas que tantas vezes só causa dor. 

Leitura indicada! Ótima opção para aqueles que gostam de refletir sobre relacionamentos e também para aqueles que tem vontade de conhecer o autor. 


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