As pequenas virtudes Cosac Naify

As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg

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“Na época eu tinha fé num futuro fácil e feliz, rico de desejos satisfeitos, de experiências e de conquistas em comum. Mas aquele era o tempo melhor da minha vida, e só agora, que me escapou para sempre, só agora eu sei.”

Sensibilidade é pouco para esse livro de Natalia Ginzburg! Com uma linguagem simples e direta, mas repleta de tristeza e nostalgia, a autora descreve, por meio de ensaios, diversos dos sentimentos experimentados ao longo da vida, que no geral foi marcada pela opressão e pelo medo.  

Nascida na Itália no ano de 1916, Natalia era filha de pais judeus, enfrentou os traumas da guerra, perdeu o marido nos campos de concentração e em razão das perseguições políticas precisou fugir diversas vezes com os filhos. Ao longo das narrativas reunidas nesse exemplar ela relata com muita sinceridade e intensidade, todos os seus medos e sentimentos, nos transportando para lugares sombrios, dolorosos e muito marcantes.

O interessante da livro é que mesmo em meio a tanto sofrimento e a tantas lembranças tristes, a autora consegue descrever situações de leveza e de amor, como aquelas em que se dedica à escrita e aos filhos. 

“Quando escrevo algo, frequentemente penso que aquilo é muito importante e que eu sou uma grande escritora. Acho que acontece com todos. Mas há um cantinho de minha alma onde sempre sei muito bem o que eu sou, isto é, uma pequena, pequena escritora.”
É muito bonito ver a divergência entre os sentimentos da mulher que sofreu na guerra, da escritora que procura consolo nas palavras, e da mãe que vê nos filhos a esperança e o amor. É incrível ver como dentro de uma mesma pessoa várias emoções se contrastam e várias lembranças se confundem.

Entre os vários ensaios maravilhosos da obra, três podem ser destacados: As Relações Humanas, texto em que autora aborda a dificuldade que enfrentou quando precisou sair da posição de defesa e olhar para algo além, para algo maior; Meu Ofício, texto que aborda a importância da escrita na vida de Natalia; e As Pequenas Virtudes, o texto que dá nome ao livro e fala sobre a importância de ser mãe e passar os valores certos para os filhos, fazendo com que eles cresçam sabendo o que é amor, prudência, coragem, generosidade etc).

“No que diz respeito à educação dos filhos, penso que se deva ensinar a eles não as pequenas virtudes, mas as grandes. Não a poupança, mas a generosidade e a indiferença ao dinheiro; não a prudência, mas a coragem e o desdém pelo perigo; não a astúcia, mas a franqueza e o amor à verdade; não a diplomacia, mas o amor ao próximo e a abnegação; não o desejo de sucesso, mas o desejo de ser e de saber.”

Sem dúvida um livro maravilhoso, que merece ser lido com cuidado e que deixará uma lembrança especial. Vale a pena conferir! 



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