Antônio Prata Cia das Letras

Trinta e Poucos, de Antônio Prata

00:00Isabela Lapa


Antônio Prata é colunista da Folha de São Paulo e as suas crônicas são super famosas em razão do tom leve e descontraído que ele adota, bem como pelo fato de serem curtas e, ao mesmo tempo, envolventes.

Recentemente, a Companhia das Letras resolveu reunir diversas das suas narrativas em um livro só, tendo o exemplar recebido o título de uma das histórias mais divertidas: Trinta e Poucos. Nela, o autor comenta de forma super despretensiosa sobre a questão da idade. Ele ressalta que depois dos 30 nós começamos a "esquecer" quantos anos temos e a viver na constante dúvida: voltar o tempo ou aceitar que ele tem que seguir? A forma com a qual ele descreve os pensamentos é tão gostosa, que é impossível não se divertir!

"(...) trinta e poucos. Ainda temos o vigor da juventude – o vigor necessário pra solar uma guitarra imaginária, pelo menos –, mas já deixamos pra trás o pudor da adolescência – pudor de contrariar as diretrizes do grupo, de não se encaixar na moldura da época. Até os vinte e nove você ainda tem esperanças de se tornar outra pessoa. Depois dos trinta, você simplesmente aceitar ser quem é, relaxa e goza. (...)"


Com crônicas que por vezes nos fazem sorrir e por vezes nos fazem refletir, o livro aborda diversos temas: afetos, envelhecimento, família, gravidez, futebol, lembranças, situações singelas do cotidiano, política etc.

O interessante é que todas as histórias são tão próximas do nosso dia-a-dia que sempre conseguimos nos lembrar de alguém ou de alguma situação experimentada. Vejam essa passagem, por exemplo:

"Dentre as inúmeras manifestações da hipocrisia, a que mais me irrita é o sustinho. Falo daquele falso assombro interrogativo que certas pessoas demonstram ao ouvir uma pergunta que, embora tenham entendido, não foi feita de maneira precisa. (...) Há pessoas que, de tanto usar o sustinho, acabam viciadas. Não conseguem ouvir um 'que horas são?' sem arregaçar os beiços e soltar seu mini-horrorizado 'Ãhm?!'. (...) Muito triste, meus amigos, o sustinho: não só por tratar-se de uma pequena agressão, um peteleco na orelha de nossa esperança na humanidade, mas porque usa as roupas e maquiagem do verdadeiro espanto, da surpresa genuína, que em grandes ou pequenas doses são sinal de saúde da alma e abertura do espírito – bem diferentes dessa falsa careta de incompreensão, com que infelizes nos brindam diante das mais simples perguntas, com o único intuito de dividir conosco um pouco de suas amarguras."



Impossível não assimilar a alguém, concordam? É exatamente por essa mistura entre a ironia e a aproximação com a realidade que a leitura do livro é tão gostosa e flui de forma tão natural. Eu comecei em um sexta no final da tarde e quando percebi já havia passado da metade do livro e eu já tinha me divertido demais!





Sem dúvida uma leitura super indicada. A seleção das crônicas foi feita pelo próprio autor, que decidiu entre as que ele considerava MELHORES.

Para saber mais sobre o livro vocês podem conferir o vídeo que autor gravou comentando sobre o processo de elaboração de uma crônica e sobre o impacto delas em cada pessoa. Clique aqui! :)

*Este livro é uma cortesia da Editora Companhia das Letras

*Link para compra: Amazon

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