Crítica Livros

Sinfonia, de Marcele Cambeses

00:30Universo dos Leitores

Sinfonia, o primeiro livro da saga Destinos Trocados, surgiu com a intenção de ser uma web novela, no entanto, a ideia tomou proporções tão grandes que acabou se tornando um livro – e que livro!

Marcado por diálogos contínuos e a pequena e discreta presença de uma narrador oculto, a obra assusta no início. Isto porque, conta com mais de 700 páginas, com texto impresso em letra pequena e que ocupa totalmente cada uma das páginas. Quando vi, logo pensei: “Nossa, com a falta de tempo que estou, vou demorar uma eternidade”. No entanto, ao começar a leitura percebi que ela iria fluir muito bem e foi exatamente o que aconteceu! Confesso que me apaixonei já na apresentação do narrador e daí então, não senti vontade de largar!
Os diálogos possuem linguagem moderna e coloquial, os personagens são consistentes e o cenário é bem real – uma universidade, vários alunos e os conflitos da convivência em grupo.

Tudo começa quando Naty sai da sua cidade natal e vai para a Escola de Ensino Superior Fluminense. Meiga, sensível e repleta de sonhos, ela se sente insegura com as mudanças e preocupada com o seu destino. Porém, logo no primeiro dia, conhece Dan e Babi, com quem se identifica de imediato, o que lhe causa segurança e conforto.

Acontece que a amizade do trio, mesmo consistente e verdadeira, nem sempre será suficiente diante dos obstáculos de um lugar rodeado por pessoas de vários tipos, com personalidades complexas e ideais diferentes.

Ao longo da leitura nos deparamos com diversos personagens e mesmo os menos importantes são bem caracterizados. Alguns cativam, outros causam ódio, alguns ensinam o que queremos ser, outros, por sua vez, deixam claro aquilo que não queremos.

Romances, amizades, convivência, aprendizado, mudanças, aceitação do outro e de si próprio, percepção do que é real e o que é apenas desejo, erros, acertos e a necessidade de amadurecer para conseguir enfrentar a vida são as questões abordadas no livro, que se mostra um retrato da realidade jovem, com todas as suas nuances, agradáveis ou não.

O interessante é que a escritora conseguiu tornar tudo muito consistente e em vários momentos me vi na situação, senti o que os personagens sentiam e refleti sobre as minhas próprias experiências. Com isso, ri, me emocionei, chorei, senti raiva ódio, amor, felicidade etc. Em momento algum ela se preocupou em criar personagens perfeitos ou cenários ideais – ela contou sobre a vida real, falou de pessoas com qualidades e defeitos e discorreu sobre vidas com momentos alegres e tristes.
Essa opção pela realidade que conferiu diferencial da obra, que mesmo voltada para o público jovem, não possui os clichês esperados e, por vezes, maçantes: esqueça o homem ideal, a mocinha perfeita, o romance de cinema e a universidade dos sonhos. Prepare-se para encarar o cotidiano das pessoas comuns, de carne e osso, que representam aquilo que você conhece bem e que nem sempre gosta!

Marcele inovou, ousou e atingiu o objetivo de criar um livro diferente, moderno e extremamente marcante! Falar mais que isso é estragar as surpresas desse da obra, que merece ser lida com atenção, uma vez que em cada diálogo você pode encontrar algo sobre você e aprender algo para a vida – mesmo sem querer!

Um destaque: Marcele deu um toque especial no livro ao incluir várias dicas musicais. As músicas, que tem relação com os momentos dos personagens, causam uma nostalgia incrível e contribuem para o charme do livro!


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