A Festa da Insignificância Companhia das Letras

A Festa da Insignificância de Milan Kundera

14:08Universo dos Leitores

A Festa Da Insignificância de Milan Kundera foi cedido gentilmente pela Companhia das Letras. Fiquei muito feliz em receber um exemplar e me reencontrar com o autor de um dos meus livros favoritos, A Insustentável Leveza do Ser.



Umbigos, mulheres, câncer, União Soviética, vida, morte e INSIGNIFICÂNCIA. Em seu mais recente trabalho, Milan Kundera, autor tcheco conhecido especialmente pelo seu trabalho em A Insustentável Leveza do Ser, retorna neste breve relato sobre a relativização da vida. 

Com um título marcante, o livro "A Festa da Insignificância" ou "La Fête de L'insignifiance" (publicado originalmente em francês) chegou cheio de pompa com direito a tratamento de luxo, provocando furor e empolgação nos fãs de Kundera que não liam nenhum trabalho inédito do autor tcheco há 14 anos e fazendo com que a tiragem inicial alcançasse a marca impressionante de 10 mil cópias.

A trama se passa em Paris, e poderia ser facilmente identificada como um bate papo em um café ou um lamento em um balcão de bar. Em breves páginas, Kundera revela a vida melancólica de 4 amigos que buscam escapar (ou compreender) a insignificância de suas vidas.
Alain é quem abre a história refletindo a respeito do umbigo feminino como nova zona erótica do corpo humano (substituindo coxas e seios por exemplo) nos dias atuais. Alain não consegue entender como o umbigo se tornou objeto de desejo, já que todos são iguais ao contrário de outras partes, em uma clara metáfora ao fim da individualidade nos tempos modernos.

"Isso o incitou a refletir: se um homem (ou uma época) vê o centro da sedução feminina nas coxas, como descrever e definir a particularidade dessa orientação erótica? Improvisou uma resposta: o comprimento das coxas é a imagem metafórica do caminho, longo e fascinante (é por isso que as coxas devem ser longas, que leva à realização erótica; de fato, pensou Alain, mesmo no momento do coito o comprimento das coxas empresta à mulher a magia romântica do inacessível."
Entregues às banalidades cotidianas e a falta de sentido de suas vidas insólitas, os outros amigos de Alain também refletem de maneira solta sobre a insignificância da própria existência, narrando suas imposturas diante de atividades cotidianas, como faz D´Ardelo ao simular um diagnóstico positivo de câncer para especular a reação do amigo Ramon, ou como Calibã, um ator desempregado que se passa por um personagem paquistanês que não fala francês enquanto trabalha de garçom. 



Como já é de praxe, Kundera contextualiza sua trama com discretas críticas ao cenário político, retratando o fim do comunismo e de uma utopia, o que se encaixa perfeitamente ao tom nostálgico e melancólico da história.

Também não poderiam faltar temas como erotismo e desejo, boas pitadas de humor, discretas sátiras à futilidade do mundo moderno e a intertextualidade com outras obras- Kundera recorre a pensadores como Freud, Kant, Shakespeare, Hegel, Schopenhauer e Chagall para refletir sobre questões que seus quatro personagens não conseguem esclarecer. Em diversas passagens me senti relendo meus livros de filosofia da faculdade, ao comparar a escrita de Kundera com a maiêutica de Sócrates: o escritor tcheco tem o dom de propor o autoconhecimento de forma despretensiosa e leva seus personagens a inúmeras reflexões de forma brilhante.


Em termos de comparação, prefiro o estilo de A Insustentável Leveza do ser. Mas gostei do relato delicado, melancólico que leva as mais diversas sensações desta festa, A Festa da Insignificância.


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Sobre o autor:




Milan Kundera , é um escritor mundialmente famoso após a publicação do livro "A Insustentável Leveza do Ser" , nasceu em 01 de abril de 1929 em Brno , República Checa .

Além de prosseguir a sua produção literária (quadro no qual ele criou romances, dramas e ensaios), Kundera era um trabalhador e músico de jazz. Em 1959, o especialista em história da arte , que estudou na Universidade Charles, em Praga , ensinou História do Cinema na Academia de Música e Artes Dramáticas , atividade desenvolvida há dez anos e, em seguida, continuou no Instituto de Estudos de Cinema de Praga .

Em relação a sua estreia no mundo literário, pode-se dizer que desde o início Kundera havia demonstrado sua capacidade: "A piada" , seu primeiro romance, foi traduzido para doze idiomas. No entanto, o seu talento foi interrompida pela invasão soviética, um período em que suas obras foram proibidas.

Longe de aceitar esta censura, este escritor que foi filiado ao Partido Comunista até sua demissão em 1948, decidiu emigrar para a França para continuar sua obra literária e é aí que ele finalmente passou a residir.

"A vida está em outro lugar", "Farewell" , "O Livro do Riso e do Esquecimento" e "identidade" são outros títulos de sua autoria. Graças a essas obras Milan Kundera recebeu vários prêmios, entre os quais se destacam o Prémio da União dos Escritores da Tchecoslováquia , os Medicis Prix, o Prêmio Mondello para melhor livro publicado em Itália , o Prêmio Commonwealth , o Prémio Europa-Literatura , o Prémio Jerusalém eo National Book Award na República Checa.









Ficha Técnica

ítulo: A Festa da Insiginificância

Título original: La Fête de L'insignifiance

Tradução: Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca

Capa: Alceu Chiesorin Nunes

Páginas: 136

Formato: 14.30 x 21.00 cm

Peso: 0.29200 kg

Acabamento:Capa dura

Lançamento: 17/07/2014

ISBN:9788535924664

Selo:Companhia das Letras

*Postado por Kellen Pavão













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