Como falar com garotas em festas Crítica

Como falar com garotas em festas, de Neil Gaiman, Gabriel Bá e Fábio Moon

00:00Isabela Lapa


Como falar com garotas em festas foi um dos contos escritos pelo queridíssimo Neil Gaiman e publicado no Brasil de duas formas: no livro Coisas Frágeis, da Editora Conrad, e em uma versão digital da Editora Intrínseca. 

O conto é incrível e muito envolvente, então fiquei muito feliz quando soube do lançamento da Graphic Novel que envolvia grandes nomes: Gabriel Bá, Fábio Moon e Companhia das Letras pelo selo Quadrinhos na Companhia.

Na mesma hora criei expectativas altíssimas e decidi que precisa fazer a leitura. Adaptações podem surpreender ou não, mas considerando os envolvidos no trabalho, é claro que a chance de sucesso era grande. 

Confesso para vocês que valeu a pena. Como valeu! Foi uma delícia reler a história de Vic e Enn sobre o olhar dos irmãos quadrinistas que são tão talentosos, tão cuidados e tão dedicados no que fazem.

A adaptação ficou incrível e as ilustrações impecáveis. As cores são vivas e fortes, ressaltando o tom de juventude, de alegria, de descoberta e de festa da história. Impecável, apenas!

Dito tudo isso, vamos à narrativa?

A história gira em torno dos amigos Vic e Enn, que tem 15 anos de idade e estão naquela fase da vida em que só conseguem pensar em garotas. Acontece que enquanto Vic é desprendido, bonitão e o típico conquistador, Enn é mais tímido, discreto e não tem muitas habilidades na hora da conquista.

Em festas, Vic rapidamente encontra companhias femininas, enquanto Enn fica sozinho, sem saber o que fazer. E é nesse contexto que a narrativa começa: eles ficam sabendo que vai acontecer uma festa e enquanto Vic tem certeza que precisa ir, Enn prefere fazer outra coisa.

Acontece que mesmo sem saber direito o endereço a música faz com que eles cheguem ao local. Vic rapidamente toca a campainha e entra no clima da noite, enquanto Enn começa a observar uma jovem linda e a sentir o ritmo da música, a pensar que aquilo era diferente de tudo que ela já havia escutado naquela Londres dos anos 70.

Quando ele sai do salão principal para encontrar alguma bebida ele consegue iniciar uma conversa com uma garota, depois com outra e por aí vai. E é a partir desses diálogos que a gente encontra o misto entre a fantasia e a realidade que sempre permeiam as obras de Gaiman.

"Tente entender, todas as garotas naquela festa, naquele fim de tarde, eram adoráveis.
Seus rostos eram perfeitos, mas, mais importante do que isso, elas tinham uma certa proporção curiosa, uma estranheza...
... Uma humanidade...
... O que quer que seja que torna a beleza algo mais do que um manequim na vitrine."

É a partir desses diálogos que os garotos descobrem que aquela festa não é como as outras que eles já haviam frequentado e que aquelas garotas também são diferentes das que eles já conheciam. Até para Vic aquele lugar é novo e surpreendente.

“Eu sou um poema… ou eu sou um padrão… ou uma raça inteira cujo mundo foi engolido pelo mar”. 


O misto entre juventude, descobertas, mistérios e fantasias torna essa leitura rápida, envolvente, bela e muito interessante. Pelos nomes envolvidos no trabalho eu nem preciso explicar que a história não tem nenhuma relação com "dicas de conquista" ou "auto ajuda". Rs...

É uma leitura deliciosa, que deixa a gente com a cabeça em borbulhando de ideias e possibilidades. Típico de Gaiman, concorda? 

Sugiro que leiam o conto e depois a HQ. É muito legal ver uma história em duas formas e perceber como a escrita tem possibilidades infinitas.


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