Crítica De A-ha a U2

De A-ha a U2, por Zeca Camargo

00:30Universo dos Leitores


Zeca Camargo é apresentador, jornalista, escritor e viajante. Na sua carreira profissional ele passou pelo jornal Folha de S. Paulo, Gazeta, MTV Brasil, TV Cultura, revista Capricho e Rede Globo. Quando você pensa que um homem multitarefas já esgotou suas possibilidades de sucesso, você começa a ler um de seus livros e se apaixona.

Será que é possível você descobrir uma ‘alma gêmea musical’ sem nunca ter visto pessoalmente, não ser íntima de seu trabalho e de sua história? Pelo livro, “De a-ha a U2”, nossos estilos musicais são bem distintos, eu sou completamente rock n’ roll e Zeca Camargo é completamente Pop, tão pop que chega a “poplarizar” (termo criado agora por mim) astros do rock que tiveram alguns “deslizes” em suas discografias. Se é possível essa conexão musical tão forte eu não sei, mas Zeca e Laila têm algumas coisas em comum: além da profissão e de serem belorizontinos, ambos são donos de um vasto catálogo de bandas favoritas. Tão vasto que você se perde na leitura com tantas opções musicais que o autor expõe para o deleite de seus leitores.

Depois de ler “De a-ha a U2” descobri que meu querido conterrâneo Zeca Camargo compartilha comigo o amor a música, a história, a criação, inspiração, o personagem, o artista, a fama. O simples fato de respirar música, absorver sentimentos contidos na canção, se inspirar com uma melodia ou um solo de guitarra arrepiante é o que me guia.
O autor ordena os capítulos do livro em ordem alfabética e em cada letra que você avança dá ainda mais vontade de chegar ao seguinte. Para alguns fãs essas entrevistas são marcantes. Um exemplo é o capítulo com os bastidores da entrevista feita com Cazuza em Boston. Aquele gênio da música brasileira conta, com exclusividade para o jornalista que estava com AIDS. Eu como jornalista procuro imaginar qual a sensação de Zeca Camargo ao ouvir aquelas palavras do cantor mais rebelde dos anos 80, aquela revelação que o Brasil buscava para desvendar tantos mistérios.

O livro também tem aquela “revelação” que se tornará a grande decepção de um fã ao descobrir que seu ícone musical é um mortal comum; por exemplo, quando o autor relata sua entrevista com Madonna, eu criei uma imagem negativa da Diva Pop como uma pessoa chata e mal educada. Claro que por ser um livro tem interpretações individuais e minha sensação durante a leitura poderá ser completamente oposta a sua. A única coisa que posso dizer é que eu tive preguiça de Madonna.

Há no tom de escrita do autor uma espécie de “seleção”. Para Zeca Camargo só a música POP é música relevante, e não pelas letras ou melodias e sim porque música é para “dançar, dançar, dançar” e se esbaldar na pista. Muitos de seus comentários eu não concordo, mas compreendo, já que sou extremista quando o assunto é Rock N’ Roll. Entretanto, ainda que tenhamos opiniões diferentes, esse se tornou um dos meus principais livros de bolso, acrescentou muitíssimo meu conhecimento sobre música.
São tantos momentos interessantes durante a leitura desse livro que não conseguiria escolher uma para comentar. Como resistir a entrevistas com personalidades ícones de uma década, ou de um estilo musical? Não tem como resistir aos bastidores de uma entrevista com Elton John, Nirvana, Mick Jagger, Keith Richards, Caetano Veloso, Rita Lee e todos relatados pelo segundo personagem principal daquele momento, o próprio repórter/autor Zeca Camargo. Suas “voltas ao mundo” para entrevistar artistas que revolucionaram uma geração. E são suas idas e vindas em lojas de discos por todo o planeta buscando sempre conhecer algo novo e inspirador. Imagino como é o acervo discográfico do jornalista, provavelmente um templo da música mundial.
“De a-ha a U2” é um aprendizado rápido e objetivo de como é ser um jornalista no show Business. Eu que tenho o jornalismo cultural como minha verdadeira paixão e vocação, com isso fiquei da página 7 a 471 com meus olhos brilhando, me imaginando em um futuro entrevistando Anthony Kiedis, ou quem sabe terei tempo com Robert Plant, Ozzy Osbourne, Jimmy Page, Tony Iommi, Mick Jagger, Rita Lee (minha “utopia” profissional é entrevistar essa rainha do rock nacional, tenho esperanças de um dia ter esse prazer). E como eu tenho perguntas, curiosidades, assuntos com meus verdadeiros ídolos poéticos. Entretanto Zeca me deu a lição mais preciosa do jornalismo, “nunca seja tiete”, crie uma atmosfera profissional mesmo se tiver loucura pelo entrevistado, respire fundo conte ate três e foco. Obrigada José Carlos Camargo, juro que vou me segurar para não abraçar Plant e Page e dizer, com meu inglês intermediário, “Thanks for not giving up the rock!” (Obrigada por não desistirem do rock!).




























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