A. J. Kazinski Crítica

O sono e a morte, de A. J. Kazinski

00:00Angélica Pina

Niels Bentzon e Hannah Lund, personagens do primeiro livro de A. J. Kazinski, O último homem bom (resenha aqui), também são os protagonistas de O sono e a morte. Os dois livros possuem histórias com temáticas bem diferentes e são totalmente independentes, mas eu gostei de ler na sequência, pois já estava habituada com a personalidade de Niels, Hannah e todos os outros que aparecem em ambos.

Em O sono e a morte, Niels é chamado para tentar impedir um suicídio, já que é considerado o melhor negociador da polícia dinamarquesa. Uma mulher nua e provavelmente drogada está ameaçando se jogar de uma ponte sobre uma estação de trem em Copenhague. Ele tenta manter contato com a linda mulher, mas ela está completamente perturbada, aparentemente lutando contra o sono e com medo de alguém que parece estar entre os curiosos que se aglomeram logo abaixo para assistirem a cena. O policial percebe que ela localizou a pessoa de quem estava fugindo e nesse momento se joga, caindo já morta nos trilhos da estação. Pouco depois a polícia identifica a mulher: Dicte van Hauen, a principal estrela do Balé Real. 

Para todos, o caso estava encerrado, pois foi um suicídio. Para Niels Bentzon, o caso era criminal, era preciso descobrir de quem a bailarina fugia, quem era o responsável por fazer com que ela preferisse a morte. A partir daí, Niels começa a investigar por todos os lados atrás de pistas. Ele toma a busca como algo pessoal, pois essa foi a primeira vez que perdeu alguém nesse tipo de caso.

“- Estou me referindo ao plano psíquico. Parecia que alguma coisa a atormentava.
- Ela era depressiva?
- Num certo sentido, sim. E noutro não, porque quando dançava ela era fantástica. Não tenho medo de dizer isso. Ela esquecia as preocupações. Sua capacidade de concentração era fora do comum. Todos os bailarinos têm essa qualidade, claro, mas no caso dela era verdadeiramente fenomenal. Às vezes ela parecia amortecida, dava para achar que ela ia se suicidar, mas uma vez que entrava no palco se metamorfoseava.”
Paralelamente às investigações de Niels, Hannah vive um drama pessoal que não consegue dividir com o marido. A astrofísica está cada dia mais retraída, enquanto Niels fica cada vez mais envolvido nos problemas que permearam a vida da bailarina Dicte.

Além disso, outra personagem é apresentada ao leitor: Silke, uma garota que está em uma clínica psiquiátrica há muitos anos, depois de ter presenciado o assassinato da mãe quando tinha apenas 5 anos de idade. O fato de o caso nunca ter sido elucidado, já que o culpado nunca foi encontrado, fez com que a menina se fechasse e nunca mais conversasse com ninguém.

Em apenas três dias de investigação, Niels descobre coisas que jamais imaginou e vê sua vida ameaçada, pois esbarra em pessoas dispostas a matá-lo para impedir que a verdade seja descoberta.

“Ele não tinha nenhuma razão para se precipitar. Era correr risco sem nenhum motivo. Essa era uma regra fundamental que ele tinha aprendido na escola de polícia. Uma atitude arrojada assusta as pessoas, as pessoas assustadas reagem muitas vezes de modo agressivo, as pessoas agressivas são imprevisíveis, e as pessoas imprevisíveis são capazes de tudo: por exemplo, pegar uma faca ou apertar um gatilho.”
A narrativa possui um ritmo frenético e tenso, típico de uma investigação policial. Possui mistério e suspense na medida certa, além de um conteúdo rico sobre variados assuntos, como estudos sobre experiência de morte iminente (termo utilizado para designar a experiência de pessoas que tiveram parada cardíaca por alguns minutos e depois foram reanimadas). Apesar de o livro possuir mais de quatrocentas páginas, minha leitura foi super rápida, pois não conseguia parar de ler! (Sim, três dias de investigação renderam todas essas páginas!!!). Mais um livro que recomendo!

“- (...) Nós não hesitamos em favorecê-la. Mas a morte não precisa de nós. Ela sempre acaba impondo-se por si mesma. Por mais penosa que seja a vida, não nos compete infligir a morte. Ela chega no momento certo. Mas e quanto à vida? Por que devemos considerá-la de outra forma? Não deveríamos deixar que ela siga o seu curso?”

“- Nossa representação da morte é errada. Tão errada quanto era errada a nossa visão do cosmo na época em que achávamos que a Terra estava no centro do Universo. Gostaria de poder afirmar que nós começamos a compreendê-la. Mas ainda estamos longe disso. Tudo por causa do medo que ela nos inspira. Porque temos medo de descobrir que depois da morte não há nada.”

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