Charles Bukowski Crítica

Especial Charles Bukowski: Pulp

07:00Universo dos Leitores

Pulp foi o último livro escrito por Charles Bukowski e diferente dos anteriores não teve como personagem central o seu alter-ego Heny Chinaski. Aqui o protagonista foi o detive Nick Belane, um cinqüentão acima do peso, solitário, advogado sem sucesso e que tinha como como maior companhia a bebida.

- Que tipo de detetive é você? – perguntou Celine.
- O melhor de L.A.
- É? E o que quer dizer L.A.?
- Los Asnos.

Com honorários definidos em seis dólares por hora, seus clientes eram atípicos e muito curiosos: uma senhora em busca de um homem supostamente morto, o proprietário de uma agência funerária que pensava estar sendo seguido por um alienígena, um senhor com uma esposa muito bela e “deliciosa” que aparentente estava lhe traindo, um homem que tinha como maior objetivo encontrar um pardal vermelho.

Muito mais que personagens diferentes dos comumente encontrados, as mortes e os acontecimentos também eram peculiares. O detetive não usava de escutas, carros potentes, recursos tecnológicos ou disfarces, ele simplesmente agia conforme os seus instintos e afirmava a capacidade irônica e autodepreciativa dos seres humanos. 

Eu tinha talento. Tenho talento. Às vezes, olhava minhas mãos e compreendia que podia ter sido um grande pianista. Mas o que tinham feito minhas mãos? Coçado o saco, preenchido cheques, amarrado cadarços, puxado descargas de banheiro etc. Desperdicei minhas mãos. E minha mente.

Nesta obra também foram feitas várias menções à subliteratura, a quem o livro foi dedicado. Com isso, ele se utilizou de piadas típicas do meio e de referências carregadas, mas mantendo sempre o tom crítico e, por vezes, bem humorado.

Aí voltei ao banheiro, peguei a escova de dentes, apertei a bisnaga. Saiu demais. Oscilou sobre a escova e caiu na pia. Era verde. Parecia uma lombriga verde. Meti o dedo nela, pus na escova e comecei a escovar. Dentes. Que coisa da porra. Tínhamos de comer. E comer e comer de novo. Éramos todos repugnantes, condenados aos nossos trabalhinhos sujos. Comer e peidar e se coçar e sorrir e festejar nos feriados.

É preciso salientar que o livro possui várias referências à morte e ao fim da vida, se assemelhando a uma obra póstuma. Várias passagens demonstram a forma como o escritor enxergava a vida e seu fim, reafirmando a sua percepção cruel e realista acerca dos homens e dos relacionamentos em geral. 
Bukowski e o desenho que o representa, feito por ele mesmo. 
Sem dúvida uma obra inquietante, marcante, que marcou com louvor o fim da carreira do escritor. Vale conferir! 

You Might Also Like

0 comentários

Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...

Acompanhe nosso Twitter

Formulário de contato