Crítica Editora Bertrand Brasil

O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway

00:00Universo dos Leitores

“Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos, que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”.


Este livro, o mais famoso e o grande responsável pela consagração de Ernest Hemingway como escritor, apresenta o relato da vida de Santiago, um pescador cubano velho e solitário, que tinha uma grande amizade com Manolin, um garoto que costumava acompanhá-lo nas aventuras ao alto mar.

Apesar de experiente em pesca, Santiago estava em uma grande maré de azar e já estava sem pescar nenhum peixe por 84 dias. Com isso, a família de Manolin exigiu que ele fosse trabalhar com outra pessoa e o velho pescador ficou solitário em sua jornada, que só persistia em razão da sua incansável esperança e força de vontade.

“(...) Talvez hoje. Cada dia é um novo dia. É melhor ter sorte, mas eu prefiro fazer as coisas sempre bem. Então, se a sorte me sorrir estou preparado”.

No 85º dia, saiu de casa e foi surpreendido ao conseguir pescar um peixe. O êxtase se tornou ainda maior em razão do tamanho do animal, que era maior de que qualquer outro que ele já tinha visto ao longo da sua vida. Ao encontrar a isca, Santiago iniciou uma batalha com o animal, que apresentou enorme resistência para morrer e acabou causando o naufrágio do barco. 

Sozinho, sem forças e sem encontrar meios para se alimentar, ele passou a refletir acerca da sua vida, das suas escolhas e dos seus medos. Da mesma forma, repensou os seus sonhos, as suas tristezas e as suas dores.

“(...) Na verdade, no mar alto, nunca se está completamente só”.
Minhas Impressões:

Com uma linguagem clara e sem rodeios, o livro apresenta uma narrativa encantadora e diferenciada. A história não apresenta um desfecho claro e uma complexidade visível, a sua beleza está nas entrelinhas, nas reflexões que são colocadas de forma sutil no decorrer do texto, e que abordam questões que afligem o íntimo de todo ser humano: as escolhas, o orgulho, as angústias, o medo da solidão e o medo da morte. 

A questão central colocada na obra é a importância de insistir no sonho independentemente das dificuldades encontradas no caminho. É manter a esperança e se apegar nos pequenos detalhes da vida, como por exemplo, uma lua que ilumina a noite ou o sol que aparece logo cedo. A luta do personagem não é para fisgar o peixe, e sim para superar as suas próprias dificuldades e incapacidades trazidas pela idade. 

“- O peixe também é meu amigo – disse em voz alta. – Nunca vi ou ouvi falar de um peixe desse tamanho. Mas tenho de matá-lo. É bom saber que não preciso matar as estrelas.”

“Imagine o que seria se um homem tivesse de tentar matar a lua todos os dias, pensou o velho. A lua corre depressa. Mas imagine só se um homem tivesse de matar o sol. Nascemos com sorte”.

Enquanto narra a difícil trajetória do pescador, o escritor descreve com riqueza de detalhes o cenário em que se a história está ambientada. Ele descreve tanto as características da natureza como o contexto social, o que sem dúvida contribui para a riqueza do seu texto. 

Por ser uma metáfora sobre a vida, sem dúvida o livro será interpretado de maneira diferente por cada leitor, mas com certeza terá impacto especial em todos que lerem com atenção e dedicação. 

Uma dica começar a leitura quando estiver com tempo e ler de uma só vez. Como são apenas 124 páginas, com uma letra em formato grande e várias ilustrações, com cerca de 2 horas é possível concluir e certamente a percepção da beleza da história será maior. 

Destaques:

Publicado em 1952, este foi o último livro do escritor a ser publicado ainda durante a sua vida. Entre todos os seus trabalhos, este é o mais conhecido e recebeu o Prêmio Pulitzer no ano de 1953. Além disso, a obra foi umas das responsáveis pela vitória do escritor no Prêmio Nobel de Literatura, no ano de 1954. 

“Depois siga viagem e arrisque-se como qualquer homem, pássaro ou peixe”.





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