Crítica Dark Love

Onde cantam os pássaros, de Evie Wild

00:00Universo dos Leitores

Jake Whyte é uma jovem solitária, que vive em uma fazenda e trabalha cuidando de ovelhas. Naquele lugar distante de tudo e sem ter com quem contar, ela precisa descobrir quem é a pessoa perigosa que está passeando às escondidas pela fazenda e matando as suas ovelhas de forma tão fria e cruel. 

Esse mistério é colocado para o leitor logo na primeira página do livro, mas não é o verdadeiro fio condutor da história. Na verdade, a nossa protagonista esconde algo sobre o passado, algo que fez com que ela fugisse de tudo e de todos. Algo que lhe atormenta e faz com que ela viva angustiada e com medo. 

"Eu só consigo lidar com isso porque não há nada aqui, ainda, que me conecte com aquele tempo, com aquelas pessoas, a não ser as marcas em minhas costas, que já estão cicatrizadas o suficiente para parecerem fazer parte de um passado diferente."
É esse drama psicológico e esse mistério em torno do passado de Jake que cria toda a ansiedade com a obra e faz com que a leitura flua de forma rápida e envolvente. Mais que descobrir o que está por trás da morte das ovelhas, a gente quer entender o que tanto atormenta a nossa protagonista e as razões pelas quais ela optou por largar tudo, começar uma nova vida e se isolar do resto do mundo. 

Com capítulos alternados entre presente e passado, sendo que o passado não se apresenta em ordem cronológica, o que é inovador e super interessante, o livro é delicioso de ler e prende a atenção do início ao fim. 

"Fiquei parada na borda da mata, forçando os olhos pelo silêncio, com a neve caindo e meu coração batendo e o motor roncando. Aquilo havia olhado para mim, olhado bem nos meus olhos antes de desaparecer, e era grande e negro e seus olhos eram amarelados."
Não tem como não se envolver com o estilo narrativo da escritora e com a vida da protagonista, que é uma jovem frágil e ao mesmo tempo determinada, mas que diferente das mulheres que normalmente encontramos em livros, não quer amar ou ser amada, quer apenas descobrir quem ela realmente é para, talvez, deixar os seus medos para trás.

O interessante é que ao mesmo tempo em que a história tem o tom predominantemente sombrio e tenebroso, ela reserva uma beleza diferenciada, que é justamente a beleza de lutar para nos encontrarmos com a nossa essência e com o nosso "eu". A beleza de encarar a dor. 

Vale destacar que o final é aberto, deixa várias perguntas sem resposta e isso causa uma sensação de vazio. Um impacto, talvez. Contudo, quando a gente fecha o livro e reflete um pouco sobre ele, a gente percebe que nenhuma resposta seria satisfatória, afinal, nenhuma vida termina no ponto final. Sempre existem vírgulas, dúvidas e coisas que nunca seremos capazes de entender.

"Eu sinto esperança aqui. Mesmo nos momentos em que fico de olho no céu, procurando por aviões, penso que não tenho do que reclamar, porque já foi pior, muito pior, e nós dois rimos naquela noite, e bebemos uma cerveja, e Kelly ficou lá fora, sentada na terra e abocanhando suas moscas."
Sobre a edição, nem tem o que dizer... As fotos mostram muito e na verdade, todos já conhecem o padrão Darkside Books de qualidade. Simplesmente impecável: capa dura, lateral preta, folhas amareladas... Tudo perfeito para os leitores apaixonados! Ah, um detalhe que amei foi esse da parte de trás da capa. Vejam só:
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*Este livro foi recebido em razão da parceria com a Darkside Books. 
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