Escritores Mia Couto

ESCRITORES: Mia Couto

12:09Isabela Lapa


Antônio Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu em 5 de Julho de 1955 na cidade da Beira em Moçambique. É filho de uma família de emigrantes portugueses. 

O pai, Fernando Couto, natural de Rio Tinto, foi jornalista e poeta, pertencendo a círculos intelectuais, tipo cineclubes, onde se faziam debates. Chegou a escrever dois livros que demonstraram preocupação social em relação à situação de conflito existente em Moçambique. 

Mia Couto publicou os seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira, com 14 anos. Iniciava assim o seu percurso literário dentro de uma área específica da literatura – a poesia –, mas posteriormente viria a escrever as suas obras em prosa. Em 1972 deixou a Beira e foi para Lourenço Marques para estudar medicina. A partir de 1974 enveredou pelo jornalismo, tornando-se, com a independência, repórter e diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) - de 1976 a 1976; da revista semanal Tempo - de 1979 a 1981 e do jornal Notícias - de 1981 a 1985. Em 1985 abandonou a carreira jornalística.


Reingressou na Universidade de Eduardo Mondlane para se formar em biologia, especializando-se na área de ecologia, sendo atualmente professor da cadeira de Ecologia em diversas faculdades desta universidade. Como biólogo tem realizado trabalhos de pesquisa em diversas áreas, com incidência na gestão de zonas costeiras e na recolha de mitos, lendas e crenças que intervêm na gestão tradicional dos recursos naturais. É diretor da empresa Impacto, Lda. - Avaliações de Impacto Ambiental. Em 1992, foi o responsável pela preservação da reserva natural da Ilha de Inhaca.

Mia Couto é um "escritor da terra", escreve e descreve as próprias raízes do mundo, explorando a própria natureza humana na sua relação umbilical com a terra. A sua linguagem extremamente rica e muito fértil em neologismos, confere-lhe um atributo de singular percepção e interpretação da beleza interna das coisas. Cada palavra inventada como que adivinha a secreta natureza daquilo a que se refere, entende-se como se nenhuma outra pudesse ter sido utilizada em seu lugar. 

As imagens de Mia Couto evocam a intuição de mundos fantásticos e em certa medida um pouco surrealistas, subjacentes ao mundo em que se vive, que envolve de uma ambiência terna e pacífica de sonhos - o mundo vivo das histórias. Mia Couto é um excelente contador de histórias. É o único escritor africano que é membro da Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente, eleito em 1998, sendo o sexto ocupante da cadeira nº 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.

Atualmente é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal. As suas obras são traduzidas e publicadas em 24 países. Várias das suas obras têm sido adaptadas ao teatro e cinema. Tem recebido vários prêmios nacionais e internacionais, por vários dos seus livros e pelo conjunto da sua obra literária.

É, comparado a Gabriel Garcia Márquez e Guimarães Rosa. Seu romance Terra sonâmbula foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.







OBRAS DE MIA COUTO:

Poesia

- Raiz de Orvalho, publicado em 1983 (Moçambique).

- Raiz de Orvalho e outros poemas, 1ª ed. da Caminho, em 1999.

- Idades, Cidades, Divindades, 1ª ed. da Caminho, em 2007.

- Tradutor de Chuvas. 1ª ed. da Caminho, em 2011.


Contos

- Vozes Anoitecidas (1ª ed. da Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1986; 1ª ed. 

- Caminho, em 1987 - Grande Prêmio da Ficção Narrativa em 1990, ex aequo.

- Cada Homem é uma Raça, 1ª ed. da Caminho em 1990.

- Estórias Abensonhadas, 1ª ed. da Caminho, em 1994.

- Contos do Nascer da Terra, 1ª ed. da Caminho, em 1997

- Na Berma de Nenhuma Estrada, 1ª ed. da Caminho em 1999.

- O Fio das Missangas,1ª ed. da Caminho em 2003.


Crônicas

- Cronicando,1ª ed. em 1988; 1ª ed. da Caminho em 1991. - Prêmio Nacional de Jornalismo Areosa Pena, em 1989.

- O País do Queixa Andar, 2003.

- Pensatempos. Textos de Opinião,1ª ed. da Caminho em 2005.

- E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções,1ª ed. da Caminho em 2009.


Romances

- Terra Sonâmbula, 1ª ed. da Caminho em 1992. - Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995; considerado por um júri na Feira Internacional do Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX. Disponível online.

- A Varanda do Frangipani, 1ª ed. da Caminho em 1996.

- Mar Me Quer, 1ª ed. Parque EXPO/NJIRA em 1998, como contribuição para o pavilhão de Moçambique na Exposição Mundial EXPO '98 em Lisboa; 1ª ed. da Caminho em 2000.

- Vinte e Zinco, 1ª ed. da Caminho em 1999.

- O Último Voo do Flamingo, 1ª ed. da Caminho em 2000 - Prêmio Mário António de Ficção em 2001.

- O Gato e o Escuro, [com ilustrações de Danuta Wojciechowska], 1ª ed. da Caminho em 2001.[com ilustrações de Marilda Castanha]. 1ª ed. brasileira, da Cia. das Letrinhas, em 2008.

- Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra, 1ª ed. da Caminho em 2002. [rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira].

- A Chuva Pasmada, [com ilustrações de Danuta Wojciechowska], 1ª ed. da Njira em 2004.

- O Outro Pé da Sereia, 1ª ed. da Caminho em 2006.

- O beijo da palavrinha, [com ilustrações de Malangatana], 1ª ed. da Língua Geral em 2006.

- Venenos de Deus, Remédios do Diabo, 2008.

- Jesusalém [no Brasil, o livro tem como título Antes de nascer o mundo], 2009.


"Talvez minha voz seja um pano; sim, um pano que limpa o tempo."
(Mia Couto, no livro "O Fio das Missangas")


OBRAS DE MIA COUTO PUBLICADAS NO BRASIL

Editora Companhia das Letras

2003 - Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra.

2005 - O Último Voo do Flamingo.

2006 - O Outro Pé da Sereia.

2007 - A Varanda do Frangipani.

2007 - Terra Sonâmbula.

2008 - O Gato e o Escuro.

2008 - Venenos de Deus Remédios do Diabo.

2009 - Antes de Nascer o Mundo. [título original “Jesusalém”].

2009 - O Fio das Missangas.

2011 - E Se Obama Fosse Africano?

2012 - A Confissão da Leoa.

2012 - Estórias Abensonhadas.


Editora Nova Fronteira

1986 - Estórias Abensonhadas.

1990 - Cada Homem é Uma Raça.

1993 - Terra Sonâmbula.

1996 - A Varanda do Frangipani.


"Estas estórias desadormeceram em mim sempre a partir de qualquer coisa
acontecida de verdade mas que me foi contada como se tivesse ocorrido na
outra margem do mundo. Na travessia dessa fronteira de sombra escutei vozes que vazaram o sol. Outras foram asas no meu voo de escrever."

(Mia Couto, in "Vozes anoitecidas")




PRÊMIOS

1995 - Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos;

1999 - Prêmio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra;

2001 - Prêmio Mário António, pelo livro O último vôo do flamingo;

2007 - Prêmio União Latina de Literaturas Românicas;

2007 - Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, na Jornada Nacional de Literatura;

2012 - Prêmio Eduardo Lourenço 2011.



TRADUÇÕES

Muitos dos livros de Mia Couto são publicados em mais de 24 países e traduzidos para o alemão, francês, espanhol, catalão, inglês e italiano.


"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro."

(Fala de Tuahir- in "Terra sonâmbula", de Mia Couto)


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

É sócio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.


"Sou um menino que envelheceu logo à nascença. Dizem que, por isso, me é proibido contar minha própria história. Quando terminar o relato eu estarei morto. [...] Mesmo assim me intento, faço na palavra o esconderijo do tempo."

(Mia Couto, in "A Varanda do Frangipani", Lisboa: Caminho, 1991)



ENTREVISTA NO PROGRAMA RODA VIVA


Quem quiser saber um pouco mais sobre este grande escritor pode assistir a entrevista concedida por ele ao Program Roda Viva!



OBRA DE MIA COUTO ADAPTADA PARA O CINEMA 


Filme: Um Rio 

Adaptação: “Um Rio” é uma adaptação do romance “Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra”, de Mia Couto.

Sinopse: Quando a pá do coveiro se quis enterrar na terra, para tapar a cova onde ficaria sepulto o cadáver de Dito Mariano (Isaac Mandlate), embateu numa superfície inexpugnável e rija como aço. A tempestade raiou no céu e um pasmo trespassou os elementos da família presentes no enterro. 

Os rumores tomaram conta de “Luar do Chão”, a ilha onde o patriarca Dito Mariano era “o homem de todas as mulheres”. Para mais, o cadáver exibia o rictus sorridente a que Dito, em conversa com o Padre Nunes e o taberneiro Tuzéio (Adelino Branquinho), chamara “o sorriso da Mona Lisa”, que só se desata quando se chegou à cifra de cem mulheres”.
De quem seria a culpa da terra não abrir, das alterações climatéricas, daquele “riso do Diabo”, segundo Admirança (Cândida Bila), a cunhada? A discórdia eclode entre as mulheres. Dulcineusa (Ana Magaia), a matriarca da família, sentencia: “A terra não abre porque há segredo por desfazer”.


Filme: Terra Sonâmbula

Adaptação: Terra Sonâmbula é uma adaptação cinematográfica de 2007 de um livro com o mesmo nome por Mia Couto. 

Sinopse: Durante a Guerra Civil Moçambicana, encontramos Muidinga, um rapaz frágil e amnésico, cujo sonho é o de encontrar a sua família. Junto a um cadáver estendido na estrada, Muidinga encontra um diário que narra a história de uma mulher que procura o seu filho num barco em alto mar. Motivado pela esperança de encontrar a sua própria família, Muidinga convence-se de que ele é o rapaz procurado. Embarca, com Tuahir, um sábio e solitário contador de histórias que o recolheu num campo de refugiados numa viagem à procura dessa mulher.

No entanto a viagem é dura: movem-se num estado de delírio. A estrada por onde erram, como sonâmbulos, é mágica: apercebe-se dos seus desejos e move-os de um sítio para o outro, não os deixando falecer, até que possam alcançar o tão desejado mar.


Filme: O Último Voo do Flamingo

Sinopse: Tizangara, uma pequena vila perdida no interior de Moçambique, poucos meses depois do fim da Guerra Civil. Cinco misteriosas explosões matam outros tantos soldados da Missão de Paz das Nações Unidas. Provas do crime? Apenas pénis decepados e os emblemáticos capacetes azuis. É este o ponto de partida para uma enigmática investigação conduzida pelo oficial de serviço designado pelas Nações Unidas, o Tenente-Coronel italiano Massimo Risi. Baseado no romance homônimo de Mia Couto.



FONTE: Templo Cultural Delfos. 


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