Cinema Crítica

O Lobo de Wall Street: Excessos, Drogas e Ambição

14:02Universo dos Leitores


Baseado na biografia de Jordan Belfort e dirigido por Martin Scorsese, a adaptação O Lobo de Wall Street chegou recentemente aos cinemas brasileiros trazendo para as telas muito sexo, drogas, polêmica e um estilo de vida pouco convencional.     
                                                                                                                     
Somos apresentados à Jordan Belfort, um corretor de títulos ambicioso que almeja conquistar sua fortuna através da venda de ações. Inescrupuloso, Jordan não mede esforços para conquistar seu objetivo de se tornar o homem mais rico que puder.

Logo de cara o corretor mobiliário nos mostra seu "arsenal" de drogas, deixando claro qual é seu entorpecente favorito: o dinheiro. Jordan não se intimida por qualquer valor moral e exibe com orgulho sua maior conquista; uma imensa fortuna adquirida sem remorso às custas de operações ilegais e inescrupulosas. Esta demonstração faz parte do exibicionismo de Jordan, ostentado durante todo o filme.

Em um flash-back orgulhoso, retornamos ao seu passado, quando Jordan ingressou no mercado mobiliário com um ar sonhador e quase inocente. Neste momento DiCaprio (mais uma vez) dá mostras de sua versatilidade como ator, dando vida ao  personagem que passou de um jovem cordeiro ao lobo de Wall Street.

Como se percebesse que o dinheiro não é um fim em si mesmo, Jordan Belfort começa a atribuir valor às coisas e à sua conquista da forma mais exuberante quanto possível. Em uma das cenas mais alegóricas do filme, o corretor proclama um discurso motivacional, seguido por um desfile de bizarrices que conta com a raspagem do cabelo de uma funcionária, uma banda com músicos seminus e strippers, em uma cena que mais parecia um descontrolado bacanal renascentista.

A fórmula utilizada por Jordan funciona, já que seus métodos pouco ortodoxos de trabalho logo chamam a atenção, atraindo olhares e novos corretores dispostos a ter tudo aquilo que o dinheiro pode comprar.

Não somos poupados em nenhum momento dos exageros de Jordan, que não demonstra o menor pudor em seu estilo de vida. O corretor emergente atribui seu sucesso à sua fortuna, e leva uma vida regada à muitas drogas, sexo, orgias, mulheres e muito luxo. 

Vale destacar que o filme é narrado sob a ótica de Jordan Belfort que evita o quanto pode a racionalização de suas ações. Isto explica a realidade distorcida do filme, a ausência de valores, e a perspectiva surrealista de Belfort. A visão alucinada do protagonista provocada pela sua irracionalidade e pelo uso excessivo de drogas, crias cenas onde fantasia e realidade se misturam, como na cena em que ele não percebe que bateu seu carro. Em alguns momentos me perguntei o que era alucinação ou realidade.

O brilhantismo do filme também se baseia nos elementos de composição, como trilha sonora e fotografia. Ao longo do filme, cores vivas compõe o cenário do estilo de vida exagerado de Belfort. No entanto, após a decadência de Jordan cores sóbrias e frias parecem trazer o corretor de volta à realidade. 

Mas o ponto alto do filme na minha opinião é a atuação de Leonardo di Caprio, que apresenta três fases diferentes para seu protagonista. O jovem sonhador, o lobo de wall street, e a fase mais dramática do personagem.

No meu ponto de vista, não enxerguei o filme como uma apologia ao materialismo ou ao consumo de drogas, mas sim um relato de uma vida luxuosa, abundante desregrada e permeada por excessos, que levou a severas e inevitáveis consequências.

Portanto não espere uma biografia heróica, ética ou com algum tipo de lição de moral. "O Lobo de Wall Street" é uma adaptação corajosa, polêmica, dramática, despudorada e muito irreverente, que consagra a repetição da parceria DiCaprio/ Scorsese e que vale à pena ser vista. 

Trailer do Filme




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