Alice Munro Cia das Letras

Vida Querida, de Alice Munro

00:30Universo dos Leitores


Alice Munro garantiu que não irá escrever novos livros. Diante dessa declaração, Vida Querida é, até o momento e talvez definitivamente, o seu último trabalho. 


Nos 10 contos reunidos no exemplar que foi publicado pela Companhia das Letras, a escritora aborda temas cotidianos com a profundidade e a delicadeza que fazem parte das suas narrativas como um todo (já mencionei esse ponto quando falei sobre o livro Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento). 

Morte, doença, dor, situações casuais e dilemas femininos são alguns dos principais assuntos que permeiam os seus contos e que mostram o quanto a vida é repleta de conflitos sentimentais e de acontecimentos inesperados que por vezes alteram o sentido de tudo. Com um misto de pureza e choque de realidade, as histórias emocionam e encantam, ao mesmo tempo em que deixam abertas as idéias finais. 
É interessante mencionar que a forma como Munro constrói as narrativas nos aproxima dos personagens que em poucas páginas conseguem se tornar íntimos e queridos. Isso se deve à sua capacidade de descrever detalhes que enriquecem os cenários e as sensações. 

Entre os diversos textos deste volume, “Com Vista para o Lago”, abordou um assunto relevante e inquietante: a memória. Jean, a protagonista da história, perdeu uma consulta médica e foi encaminhada para um médico especializado em tratamentos de memória para idosos. No dia em que decidiu comparecer a esse médico, que atendia em outra cidade, se perdeu no caminho e enfrentou situações confusas e complexas. Com descrições intensas e com um cenário interiorano, a história conseguiu manter um ritmo tenso e perturbador, que conduziu a um final inesperado e diferenciado. 
Outro destaque deste livro é que os últimos quatro contos são autobiográficos. Neles a escritora falou sobre as suas experiências pessoais mais marcantes. Entre eles, "O Olho" me tocou de forma particular. Nele ela abordou a sua primeira experiência com o ciúme e também com a morte. Com o olhar puro e singelo que só possuímos na infância, ela descreveu a dificuldade em lidar com o nascimento do seu irmão e também a naturalidade com que vivenciou a perda de uma pessoa querida. Incrível a forma sensível e diferenciada com a qual o momento foi abordado e os acontecimentos foram se entrelaçando no conto.

Para os que gostam de contos, sem dúvida o livro se revela como uma ótima opção de leitura. Para os que não possuem o hábito de ler, quem sabe essa seja uma boa oportunidade de começar?








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