José Saramago Matérias Literárias

As dedicatórias de José Saramago a Pilar del Rio, sua esposa, seu pilar

00:00Isabela Lapa

Ao lado de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Ou a frente. Ou onde ela quiser. E poder haver outro homem também, tanto faz. Cada um vive a relação e organiza-a como quiser. No entanto, quanto o assunto é literatura há uma tendência a enaltecer os gênios dos autores e esquecer que, em cada obra, há dedicação de muitas pessoas próximas e queridas.

Este não é o caso da relação de José Saramago e Pilar de Rio. Após conhecerem-se, passaram a viver juntos e jamais se separaram até a morte do autor. Uma parceria tardia, mas que durou toda a vida. De qualquer forma, todos já sabem da importância de Pilar de Rio para José Saramago: além de amor na vida, ela era a primeira leitora, revisora e tradutora de suas obras para o espanhol. Saramago não tinha nenhuma ideia e não escrevia nenhuma palavra sem que Pilar tivesse conhecimento ou contato antes de qualquer um. Pilar, uma das maiores jornalistas de seu tempo e atual presidenta da Fundação de mesmo nome do autor, era, na verdade, o próprio Saramago. Ela vive em cada palavra dele, ela é cada palavra dele.

Não é a toa que grande parte das obras de José sejam dedicadas a Pilar, cada uma de um jeito, de uma forma, de uma cor diferente, nas muitas tonalidades do que se pode chamar de vida…ou amor. No documentário José e Pilar, dedicado inteiramente a vida do casal em torno da carreira do Nobel de Literatura, o escritor explica essas dedicatórias:

As dedicatórias saem-me com toda a naturalidade. Como são. Não me pergunto eu a mim mesmo o que significam. A não ser significarem obviamente o que tem de significar que é o querer a essa pessoa. E, portanto, manifesta-lo dessa forma.

O importante, pra mim, nesta matéria é fazer entender aquilo que disse acima: que Pilar vive e é cada palavra de Saramago e, justamente por isso, uma dedicatória é a materialização deste gesto. Ao dedicar um livro a alguém, este livro perde a posse de seu e se lança em direção ao outro. À vida do outro. Aos corpos dos outros. Talvez, por isso, Saramago afirme:

Tenho muitas razões para pensar, por exemplo, que o grande acontecimento da minha vida foi exatamente esse. Foi ter conhecido a ela. (…) Imagina que eu não tivesse conhecido ela. Você poderia dizer: “Ah, mas você teria conhecido outras mulheres” Mas não é disso que se trata, não é uma questão quantitativa. Era simplesmente o fato de ter conhecido a ela. Nada mais. E isso mudou a minha vida completamente.

Dito isto, veja algumas dedicatórias de José Saramago a Pilar del Rio:

Em Todos os Nomes: A Pilar

Em O homem duplicado: A Pilar, até ao último instante

Em Ensaio sobre a lucidez: A Pilar, os dias todos

Em A Caverna: A Pilar

Em As intermitências da morte: A Pilar, minha casa

Em As pequenas memórias: A Pilar, que ainda não havia nascido, e tanto tardou a chegar

Em A viagem do elefante: A Pilar, que não deixou que eu morresse

Em Ensaio Sobre a Cegueira: A Pilar (e a filha Violante)

Em Caim: A Pilar, como se dissesse água

Em O Evangelho Segundo Jesus Cristo: A Pilar

Confira também parte do documentário:


Para assistir o documentário na íntegra, clique aqui...




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